O relator da Comissão Especial de Políticas Públicas de Combate às Drogas, deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL), disse nesta quarta-feira que vai pedir ao Ministério do Trabalho para investigar denúncia de que cortadores de cana da Zona da Mata em Alagoas estariam recebendo crack para produzir mais. A droga seria fornecida por pessoas que transportam os trabalhadores até as plantações.
A denúncia foi feita pela deputada Célia Rocha ( PTB-AL), durante audiência pública realizada pela comissão para ouvir conclusões dos seminários regionais sobre o tema. Givaldo Carimbão disse que ter ouvido relatos sobre caso semelhante no estado de São Paulo, e que as denúncias precisam ser apuradas. "Vou convidar o Ministério do Trabalho para que possamos fazer uma campanha nacional, uma fiscalização para ver se realmente isso está acontecendo, porque é um crime, uma questão de saúde pública”, afirmou.
Homicídios de jovens
Ao apresentarem as conclusões do seminário realizado em Alagoas, Célia Rocha e Rosinha da Adefal (PTdoB) destacaram que, levando em conta a proporção, o estado é que tem maior número de homicídios de jovens, sendo que 80% das mortes estariam relacionadas ao uso de drogas.
As deputadas também apontaram a ausência do governo no tratamento dos dependentes químicos. Em Alagoas, só existem dois Caps (unidades públicas de saúde que prestam atendimento aos dependentes químicos). Além disso, o único hospital estadual que trata usuários de drogas, o Portugal Ramalho, disponibiliza para eles apenas 27 leitos.
Célia Rocha destacou a importância das comunidades terapêuticas, normalmente vinculadas às igrejas católica e evangélica, que acolhem e tratam dependentes. "Onde o poder público não chega para socorrer esse crescimento brutal que tem acontecido com o crack, especificamente, a iniciativa privada se instala. Hoje, a gente tem, em um estado de 3 milhões de habitantes, duas unidades específicas para o acolhimento do usuário de álcool e outras drogas, e 30 comunidades terapêuticas."
Proibição de propaganda
Saulo Cruz
Iracema Portella apresentou documento que recomenda a proibição de propaganda de bebidas.
Durante a audiência, a deputada Iracema Portella (PP-PI) apresentou a Carta do Piauí, elaborada no seminário sobre drogas realizado no estado. Entre outros pontos, o documento recomenda a proibição de todos os tipos de propaganda de bebidas alcoólicas e punição rigorosa para os estabelecimentos que venderem essas bebidas a menores.
De acordo com a deputada, o consumo já atinge crianças de 13 anos. “Então, nós precisamos, sim, combater esse mal por meio da proibição das propagandas. Os estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas para menores devem ser punidos”, frisou.
Relatório
O deputado Givaldo Carimbão informou que pretende apresentar o relatório final sobre o tema no próximo mês. Mas antes disso, de 3 a 7 de outubro, integrantes da Comissão Especial de Combate às Drogas visitarão Colômbia, Bolívia e Peru, que são os maiores produtores de coca do mundo - 94% da produção está nesses países.
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