Segundo investigações do Ministério Público, notas de despesas gastronômicas são as que mais chamam a atenção na ação civil pública ajuizada na última segunda
O dinheiro da saúde pública de Londrina pagou churrasco, vinho e pizza, entre outros luxos, de diretores do Instituto Gálatas, segundo investigações do Ministério Público.
Na ação civil pública ajuizada na última segunda-feira pelo MP, em que 28 pessoas são denunciadas, entre elas a diretora de projetos do instituto, Gláucia Chiararia, e o presidente, Silvio Luz Rodrigues Alves, as notas de despesas gastronômicas são as que mais chamam a atenção.
Por elas, é possível saber que o casal – ou funcionários do Gálatas – “investiram” recursos públicos em um bar, no centro de Londrina, onde a conta chegou a R$ 100,80 em fevereiro. No começo de janeiro, o Gálatas pagou R$ 112,79 de almoço em uma conhecida churrascaria. Outros R$ 516,46 foram gastos também em uma requintada loja de vinhos. Notas de despesas com frango frito e até a conta de uma doceria – cerca de R$ 65 – saíram dos cofres do instituto financiado com recursos públicos, de acordo com o MP. No dia 9 de abril – um sábado - por exemplo, R$ 184,47 pagaram uma churrascaria e, no mesmo dia, uma pizzaria (R$ 101,25). Em outros dois sábados, a conta com pizzas com dinheiro público chegou a R$ 135,80.
Segundo o Ministério Público, pelo menos R$ 14.586,85 foram desviados de uma conta administrativa do instituto para alimentação, gastos sem conexão com a atividade fim do Gálatas. O instituto mantinha contrato com a Prefeitura de Londrina para gerir programas como Saúde da Família (PSF) e de prevenção à aids e doenças como tuberculose, entre outros.
Agora, com a ação civil, os promotores requerem judicialmente a devolução de R$ 612.536,09 repassados pelo Município ao Gálatas.
De acordo com o Ministério Público, o casal Gláucia Chiararia e Silvio Luz Rodrigues Alves é o principal suspeito de se utilizar o instituto para enriquecimento ilícito. Dezenas de notas de despesas, entre dezembro de 2010 e abril de 2011, levaram os promotores a concluir que a rotina da dupla – ou das pessoas ligadas a eles, bem como de outros funcionários contratados do Gálatas – era a de frequentar churrascarias caras e bons restaurantes, além do hábito de comprar móveis em lojas de alto padrão. “Definitivamente, não conseguiram justificar o porquê de todos esses gastos absurdos”, afirma a promotora Leila Voltarelli.
O casal do Gálatas atua em colaboração com a Promotoria, mas confessou apenas os delitos que os teriam conduzido a pagar propinas para outros agentes públicos. Alegam que, “sob pressão”, cederam à insistência do ex-procurador da Prefeitura, Fidélis Canguçu, preso por 59 dias como lobista do esquema, capaz de liberar pagamentos bloqueados pela Prefeitura sempre quando da constatação de irregularidades pela Secretaria de Saúde.
Segundo o Estatuto de fundação do Gálatas, apreendido em maio quando Gláucia Chiararia e Silvio Luz Rodrigues Alves, com outros 19 foram presos provisoriamente - o presidente tinha cargo vitalício. Caso Alves falecesse, a filha, tesoureira do instituto, seria alçada à presidência – caracterizando o cargo como vitalício e hereditário, segundo os promotores. Sete familiares aparecem como fundadores da entidade.
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