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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Sem acordo, hospitais devem fechar prontos-socorros a partir de quarta


Diretores dos hospitais Evangélico e Santa Casa confirmaram que os médicos poderão cruzar os braços se a Prefeitura não fizer nova proposta

Diretores dos hospitais Evangélico e Santa Casa disseram em entrevista coletiva na manhã desta terça-feira (20) que os prontos-socorros podem amanhecer fechados a partir de quarta-feira (21), caso a Prefeitura de Londrina não apresente uma nova proposta de pagamento dos plantões à distância.
Em assembleia realizada na noite de segunda-feira (19), os médicos se recusaram a trabalhar sem receber. Portanto, as escalas dos hospitais estão completas somente até as 7h de quarta.

Desde junho, a Prefeitura extinguiu o pagamento de R$ 560 mil mensais aos dois hospitais pela realização dos atendimentos não-presenciais. Márcio Nishida, secretário de Saúde, afirmou que não há mais recursos disponíveis e reduziu os valores a investimentos de R$ 215 mil mensais. A partir de agora, o Município aceita remunerar apenas médicos presentes nas consultas e não mais especialidades à disposição em casos eventuais.
Na segunda-feira (19), a Promotoria de Defesa dos Direitos e Garantias Constitucionais em Londrina entrou com um pedido de liminar na Justiça para obrigar os hospitais a manterem abertas as portas dos dois prontos-socorros. O promotor Paulo Tavares pede multa de R$ 10 mil a cada dia de pronto-socorro fechado. Diretores dos hospitais podem ser responsabilizados criminalmente se ficar configurada omissão médica no atendimento.
Questionados sobre o pedido do MP, os diretores dos hospitais disseram que ainda não foram notificados.

Sem médicos, atendimento não pode ser mantido, segundo diretores
“Sem médicos disponíveis na escala, não temos condições de manter o serviço”, explicou o diretor do Hospital Evangélico, Luiz Soares Koury. Segundo ele, os hospitais são a parte fraca dessa questão. “Somos vítimas”, destacou.
Koury afirmou que a Prefeitura de Londrina suspendeu unilateralmente o pagamento de parte significativa dos valores do contrato que mantém com os hospitais e os médicos se recusam a trabalhar sem remuneração.
Na opinião dele, a sociedade deveria pressionar para pegar de volta o dinheiro desviado da saúde, segundo denúncia do Gaeco. “A Prefeitura alega que não tem recursos para pagar algo definido em lei municipal há dois anos. Mas muitos desses recursos foram desviados pela corrupção”, lembrou.
O superintendente da Santa Casa, Fahd Haddad, disse que os hospitais estão tentando evitar de todas as formas a paralisação do atendimento. “Espero que isso não ocorra. Mas se não tiver profissionais para atender, o hospital fica inviável”.
Em caso de fechamento, Haddad afirmou que a orientação é para que as pessoas procurem atendimento no Hospital Universitário (HU) e hospitais da Zona Sul e Zona Norte.
Nesta noite, o Conselho Municipal de Saúde vai se reunir para discutir o problema. “Esperamos chegar a uma solução”, disse Haddad.
O diretor-executivo da Secretaria Municipal de Saúde, Márcio Nishida, informou por telefone que vai falar sobre o assunto em entrevista coletiva à imprensa nesta tarde.
Médicos que não cumprirem contrato podem ser responsabilizados, segundo promotor
O promotor Paulo Tavares disse esperar que a Justiça acate a liminar e obrigue os hospitais a manterem abertas as portas dos dois prontos-socorros. “Estes hospitais são instituições que precisam defender os interesses da sociedade. Não é caso de bandido e mocinho e sim de cumprimento de contrato e compromisso com a população, pois são hospitais filantrópicos. E entendemos como razoável a contraproposta apresentada pela prefeitura.”
Tavares afirmou que fez contato com o Conselho Federal de Medicina e que ouviu do órgão que o profissional médico que desobedecer detalhes do contrato entre prefeitura e hospitais e se negar a atender poderá “ser responsabilizado profissionalmente”.

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