De olho num setor que movimenta US$ 60 bilhões por ano, Belotur e Associação de Hospitais se unem para incrementar o turismo de saúde na capital
Humberto Siqueira no Estado de Minas
O turismo de saúde é milenar. Na Grécia antiga, peregrinos e enfermos vinham de várias localidades do Mediterrâneo até o santuário de Asclépio, o deus da medicina, em busca da cura de doenças. À época do império romano, na Grã-Bretanha, pacientes banhavam-se nas termas de Bath, prática que continuou por dois mil anos.
Atualmente, a globalização exige novas formas de cooperação internacional, pois o sistema de saúde de alguns países enfrenta dificuldades de atender toda a sua população. Estima-se que 50 milhões de americanos e europeus vivam sem planos de saúde. Em todo o mundo, o turismo de saúde movimenta cerca de US$ 60 bilhões por ano, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Tanto dinheiro se justifica pelo fato de que quem não tem plano de saúde precisa pagar por consultas e tratamentos, o que, em países desenvolvidos, custa caro. De olho nesse mercado, a Belotur, em parceria com a Associação de Hospitais de Minas Gerais (AHMG), vem desenvolvendo o programa BH Health Tour. O objetivo é mostrar ao mundo as especialidades em que a cidade tem excelência médica e atrair esses turistas.
Segundo Gelton Pinto Coelho, diretor de desenvolvimento de novos negócios da Belotur, os tratamentos podem ser até 70% mais baratos em países como Brasil, Tailândia ou Índia. "Fica mais em conta pagar as passagens, hospedagem e vir tratar aqui. Por isso, o turismo de saúde tem crescido cada vez mais", justifica.
E Belo Horizonte já tem um histórico nesse sentido. Nas décadas de 1920 e 1930, o clima ameno e as áreas verdes trouxeram à cidade aqueles que buscavam a cura de doenças pulmonares. Naquela época, ícones da medicina, como o cirurgião plástico Ivo Pitanguy e o professor Hilton Rocha, já iniciavam seus estudos de medicina na capital.
A cidade conta com quatro renomadas escolas de medicina. São mais de 50 hospitais, entre públicos e privados, além de 160 centros de saúde públicos da prefeitura. "Temos a impressionante média de 6,46 médicos por grupo de mil habitantes, ou seja, 346 pacientes por médico. E um diferencial importante, que é o jeito mineiro de ser. O turista busca não só excelência médica, mas quer encontrar receptividade e hospitalidade", pondera Gelton.
De acordo com ele, é importante ressaltar que a vinda de turistas para cuidados de prevenção e tratamento não vai tomar espaço da população. "Vamos criar leitos com esse objetivo específico. Todos os hospitais podem participar, mas estamos exigindo que tenham alguma certificação internacional para assegurar a qualidade", esclarece. Nesse primeiro momento, os hospitais participantes são Vera Cruz, Felício Roxo, Mário Penna, Vila da Serra e Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães.
ROTEIROS
Outro ponto levantado pelo projeto é de que geralmente o paciente não viaja sozinho. "Por isso, nossa preocupação de criar um projeto de saúde integral. Temos que propiciar não só o acesso ao tratamento como disponibilizar bons roteiros turísticos, principalmente para os acompanhantes, em BH e nos arredores, como as cidades históricas, Serra do Cipó e Inhotim", avalia. Dentro desse processo, Gelton também se preocupa em criar versões em inglês e outras línguas dos sites da Belotur, do BH Health Tour e dos hospitais.
O projeto foi apresentado oficialmente esta semana, durante o 2º Medical Travel Meeting Brazil. O evento contou com a participação de hospitais, laboratórios, indústria farmacêutica, indústria odontológica, investidores da área da saúde, entidades de classe e associações médicas de diversos países. Dentro do planejamento a longo prazo que o projeto exige, a Copa das Confederações em 2013, Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016 serão importantes mecanismos de divulgação dos serviços, que também serão oferecidos em Recife e Porto Alegre.
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