Bem vind@s ao I Fórum sobre a prática de Apoio do SUS! Este espaço tem como objetivo promover o encontro, debate e aprendizado sobre a prática do Apoio tendo como orientação as interfaces possíveis com a Gestão, o Trabalho em Saúde e a Formação. Contamos com a ampla participação de trabalhadores da saúde, gestores e acadêmicos, a fim de amplificar a potência desta prática. As inscrições estão abertas para todo o Brasil.
SOBRE O CONCEITO DE APOIO
O Apoio Paidéia é uma postura metodológica que busca reformular os tradicionais mecanismos de gestão. Não se trata de uma proposta que busque suprimir outras funções gerenciais, mas de um modo complementar para realizar coordenação, planificação, supervisão avaliação do trabalho em equipe. Em geral, estas funções são exercidas comum importante grau de distancia entre os executores das funções de gestão e os operadores de atividades finais.
Em resumo, se poderia afirmar que o recurso de Apoio procura escapar à tendência comum de varias escolas de gerência que intervêm sobre os trabalhadores e não de maneira interativa com eles. Na realidade, se considera que o saber gerencial não escapou à tendência predominante em ciência de supor uma relação quase asséptica entre aqueles que exercem funções de condução e os executores de tarefas. Uma reiteração da separação entre o sujeito do conhecimento e do poder e o objeto a ser conhecido e manipulado.
O Apoio parte da pressuposição de que as funções de gestão se exercem entre sujeitos, ainda que com distintos graus de saber e de poder.
Por outro lado, assume que todo trabalho tem uma tripla finalidade e produz efeitos em três sentidos distintos: primeiro: objetiva e interfere com a produção de bens ou serviços para pessoas externas à organização – se trabalha para um outro em referencia às equipes de operadores -; segundo: procura sempre assegurar a reprodução ampliada da própria organização; e terceiro: termina interferindo na produção social e subjetiva dos próprios trabalhadores e dos usuários. A gestão tradicional, ao lidar com os trabalhadores e com os usuários como objeto, centra esforços nas duas primeiras finalidades, descuidando da terceira.
Na realidade, ao não reconhecer que toda gestão é produto de uma interação entre pessoas, se verifica, com freqüência, uma tendência à reprodução de formas burocratizadas de trabalho, com empobrecimento subjetivo e social dos trabalhadores e dos usuários. O Apoio Paidéia procura compatibilizar estas três finalidades, reconhecendo que a gestão produz efeitos sobre os modos de ser e de proceder dos trabalhadores e de usuários das organizações.
Neste sentido, o Apoio Paidéia reúne uma série de recursos metodológicos que permitem lidar com estas relaciones entre sujeitos de um modo diferente. Um modo interativo, um modo que reconhece a diferença de papéis, de poder e de conhecimento, ainda que busque estabelecer relações construtivas entre os distintos atores sociais. Assim a supervisão e avaliação deveriam comprometer aos próprios avaliados tanto na construção de diagnósticos como na elaboração de novas formas de agir; ou seja, formas democráticas para coordenar e planificar o trabalho. Formas que aproveitem e considerem a experiência, o desejo e o interesse de sujeitos que não exercem funções típicas de gestão. O Apoio Paidéia depende da instalação de alguma forma de co-gestão.
O Conceito Apoio pretende capturar todo este significado: não se trataria de comandar objetos sem experiência ou sem interesses, mas sim de articular os objetivos institucionais aos saberes e interesses dos trabalhadores e usuários. Tampouco se aposta somente nos recursos internos de cada equipe. O termo Apoio indica uma pressão de fora, implica trazer algo externo ao grupo que opera os processos de trabalho ou que recebem bens ou serviços. Quem é apoio sustenta e, ao mesmo tempo, empurra o outro. Sendo, em conseqüência, sustentado e empurrado por sua vez pela equipe “objeto” da intervenção. Tudo junto e ao mesmo tempo.
Extrato do texto "PAIDÉIA E GESTÃO: Um ensaio sobre o Apoio Paidéia no trabalho em saúde" de Campos, GWS.
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