Pizza servida
no Blog do Zé Beto
Quem leu hoje cedinho a reportagem sobre o caso Derosso publicada hoje no site da Gazeta do Povo se espantou com a propaganda que brilhava embaixo do texto sobre a “empresa que virou agência pouco antes da licitação”. Era de uma pizzaria da cidade.
Empresa só virou agência pouco antes de licitação
No relatório sobre os contratos de publicidade da Câmara de Curitiba, o Tribunal de Contas (TC) do Estado levanta a suspeita de que a empresa Oficina de Notícia se tornou uma agência de publicidade apenas para disputar a licitação – a proprietária da empresa, Cláudia Queiroz Guedes, atual mulher de João Cláudio Derosso (PSDB), era servidora da Câmara na época.
De acordo com o relatório, a empresa, que prestava serviços de assessoria de imprensa e comunicação, alterou seu objeto social e incluiu a prestação de serviços de propaganda e publicidade no dia 21 de março de 2006, poucas semanas antes da abertura da licitação, no dia 11 de abril do mesmo ano. Além disso, a Oficina da Notícia se filiou no Sindicato das Agências de Propaganda do Estado do Paraná (Sinapro-PR) no dia 16 de março do mesmo ano – ou seja, cinco dias antes de mudar sua razão social. Esses dois pontos eram pré-requisitos para a participação no processo.
Além disso, o relatório frisa que a Oficina da Notícia descumpriu itens do edital de licitação – mas, mesmo assim, foi escolhida. Um deles, por exemplo, exigia a apresentação de três atestados fornecidos por clientes, comprovando desempenho satisfatório dos serviços da agência. Entretanto, os atestados apresentados pela empresa se referiam a outras atividades.
Outro item pedia que as agências apresentassem peças que já haviam produzido, para que seu repertório fosse julgado pela comissão de licitação. A Visão Publicidade apresentou 10 peças, entre material impresso, de tevê e de rádio. A Oficina da Notícia apresentou apenas uma. Entretanto, a primeira recebeu nota 9,25 e a segunda recebeu nota 9, o que indicaria uma inconsistência na avaliação técnica.
Remuneração
Além disso, o TC também aponta um possível excesso na remuneração das agências. De acordo com o Conselho Executivo de Normas Padrão da Atividade Publicitária (CENP), as agências devem ser remuneradas com no mínimo 20% do que é repassado aos veículos quando há concepção, execução e distribuição da propaganda (o desconto de agência), e entre 5% e 10% quando há apenas a intermediação entre o cliente e um veículo.
Como as agências principalmente intermediavam a publicação de conteúdos produzidos pela própria Câmara em veículos, elas deveriam receber, no máximo, 10%. Entretanto, segundo o relatório, a Câmara pagou mais do que isso em diversos momentos para a realização desses serviços. O próprio presidente da Câmara, João Cláudio Derosso (PSDB), chegou ao mencionar, em um de seus depoimentos ao Conselho de Ética, que as agências cobravam 15% pelo serviço. Os técnicos avaliam que a Casa pode ter pagado R$ 869 mil a mais do que deveria. (CM)
Nenhum comentário:
Postar um comentário