Brasília revisitada (Projeto Memória JK)
Quando retornou do exílio, em 1967, JK foi proibido de ir a Brasília. Durante o governo Medici, nos anos 1970, ele voava certa vez de Minas para Anápolis, em Goiás, a bordo de um monomotor Bonanza, quando, na altura da capital, o aparelho entrou em pane, por superaquecimento de óleo. Era uma situação de risco e o piloto pediu à torre do aeroporto permissão para pousar. Perguntaram quem estava a bordo – e a autorização foi negada. O avião teve que descer em Luziânia, a 67 quilômetros de distância.
Durante mais de sete anos o ex-presidente não pôs os pés na sua cidade, que deixara às vésperas de sua cassação, em junho de 1964.
Voltou discretamente, na boléia de um velho caminhão Ford, no dia 7 de janeiro de 1972. Ia rumo a Planaltina quando um temporal interrompeu a viagem. Pediu então ao motorista que tocasse para Brasília.
Rodou pelo Plano Piloto, foi à praça dos Três Poderes, esteve bem perto do Palácio da Alvorada, visitou a catedral, que ainda não conhecia depois de pronta. "Senti-me um súdito romano das Gálias que pela primeira vez visita Roma", contou mais tarde. "A Roma do primeiro século, com seus palácios de mármore, sua suntuosidade e sua consciência de centro do mundo civilizado."
Relatou a emocionada visita ao jornalista Carlos Chagas, que a 18 de janeiro publicou no jornal O Estado de S. Paulo o artigo "Brasília não vê JK chorar".
Um recorte com esse texto foi achado num bolso de seu paletó no dia em que morreu, 22 de agosto de 1976.
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