Indicador ficou em 0,449. Mas participação feminina no trabalho cai
Martha Beck, Fabiana Ribeiro e Letícia Lins economia@oglobo.com.br
BRASÍLIA, RIO e RECIFE. Graças a um forte avanço nos indicadores de mortalidade materna, o Brasil se tornou um país menos desigual entre homens e mulheres, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2011. Os dados das Nações Unidas mostravam que 110 brasileiras morriam a cada 100 mil nascimentos no país, de acordo com o Relatório de 2010. Agora, o número é de apenas 58.
Diante desse quadro, o Índice de Desigualdade de Gênero (IDG) - calculado com base em indicadores de saúde, educação e participação das mulheres na sociedade - ficou em 0,449 para o Brasil em 2011. Em 2010, era 0,631. O IDG varia de zero a um, sendo que quanto mais alto, maior é a desigualdade.
- Apesar dos avanços, é alta a desigualdade de gênero no país. Andamos, mas devagar - comentou Hildete Pereira, professora da UFF. - Diminuir essa desigualdade depende de uma postura política mais atuante da própria sociedade.
O país teve recuo na participação das mulheres no mundo do trabalho. O IDG de 2010 mostrava que 64% das mulheres em idade ativa trabalhavam, sendo que o número caiu para 60,1% este ano. Já os homens têm participação de 81,9%.
- Em tempos de desaquecimento econômico e rescaldos de crise, a mulher, tida erroneamente como trabalhador de segunda categoria, é o primeiro alvo do desemprego. Ela não está associada à função de chefe de família. Uma avaliação errada: um terço das famílias é chefiado por elas - disse Hildete.
Hildete lembra que, a despeito da escolaridade maior, as mulheres ainda precisam driblar o preconceito no trabalho.
- Há um paradoxo. As mulheres iniciaram o século passado analfabetas. E chegaram ao fim do século com mais anos de estudo do que os homens.
Pesou também a taxa de fertilidade na adolescência, que permanece elevada: 75,6 para cada mil mulheres na mesma faixa etária. Esse cálculo é feito de acordo com o número de partos de mulheres com idades entre 15 e 19 anos para cada mil mulheres na mesma faixa etária.
Na nação que apresenta o melhor desempenho no ranking do IDG, a Suécia, a taxa de fertilidade na adolescência é de apenas seis para cada mil mulheres. E a proporção de mulheres que morrem no parto é de cinco suecas para cada 100 mil nascimentos.
Participação feminina no trabalho perto da Suécia
As suecas têm uma participação no mercado de trabalho próxima da brasileira - 60,6%. Porém, respondem por 87,9% da população acima de 25 anos que possuem ao menos o ensino médio. No Brasil, esse percentual é de 48,8%.
Já o país com os piores indicadores é o Iêmen, onde a taxa de fertilidade na adolescência é de 78,8 por mil jovens e a taxa de mortalidade materna, 210 para cada 100 mil nascimentos. Além disso, apenas 20% das mulheres em idade de trabalhar integram a força de trabalho remunerada, contra 75% dos homens.
No Iêmen, mulheres são 0,7% do Legislativo
No Iêmen, as mulheres detêm 0,7% dos assentos no Legislativo. Já na Suécia, esse percentual é de 45% e no Brasil, de 9,6%.
- A desigualdade de gênero também atinge o governo. A própria História da República é um exemplo disso: só houve 17 ministras até o governo Lula, sendo nove nas últimas gestões dele - disse Hildete.
A dona de casa Stela Andrade Braga e o pedreiro Edilânio Andrade Lima comemoram a sobrevivência de Débora, que está completando três meses com muita saúde. A menina nasceu prematura, mas o atendimento no Instituto de Medicina Materno Infantil (IMIP) foi fundamental para garantir a vida da filha. Stela fez todo o pré-natal no instituto, mas não conseguiu levar a gravidez até o final. O bebê precisou ficar na unidade de terapia intensiva neonatal e depois na incubadora. Foram mais de 30 dias na maternidade.
- Débora hoje está bem - disseram.
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