Do Blog de Raquel Rolnik
Na noite do último sábado um incêndio atingiu duas favelas no Jaguaré, zona oeste de São Paulo. Não foi a primeira vez que isso aconteceu. Há dois anos, uma delas já tinha sido atingida por um incêndio.
Hoje de manhã, menos de três dias depois, uma construtora já está no local preparando o canteiro de obras para a construção de edifícios na área. Não deu tempo nem de terminar o rescaldo. Este edifícios fazem parte de um projeto de reurbanização do local, mas as famílias que foram atingidas pelo incêndio não estão incluídas entre os beneficiários destas novas moradias.
As pessoas que tiveram suas casas incendiadas receberam da Prefeitura cobertores e cestas básicas. E só. As famílias estão hoje improvisando abrigos no meio das ruas e das calçadas.
Segundo os moradores, a proposta da Prefeitura de pagar aluguel social por dois anos ou R$ 1500,00 pelo barraco não resolve o problema habitacional da comunidade.
Há suspeitas de que os sucessivos incêndios em favelas, especialmente em áreas que estão em litígio ou onde já existem projetos previstos, sejam criminosos. Essa é uma questão que precisa ser apurada e, se confirmada, os responsáveis precisam ser punidos. Vale a pena saber também se alguma apuração foi feita com relação aos demais incêndios que já ocorreram nas favelas em São Paulo.
Hoje à tarde haverá uma reunião entre a Prefeitura e os moradores. Espero que a Prefeitura apresente uma proposta sustentável, que garanta a todos o direito à moradia digna.
Abaixo segue o vídeo que o pessoal do Cinema de Rua fez um dia depois do incêndio:
Leia também:
Prefeitura remove moradores de ocupação sem encaminhar a programas de moradia
Os moradores desalojados na última quinta-feira (10) de uma ocupação no centro de São Paulo afirmam que a administração do prefeito Gilberto Kassab (PSD) não cumpriu com a determinação judicial de inscrevê-los em um programa de habitação. O mandado de reintegração de posse no antigo edifício Cineasta, situado na esquina da avenida São João com a avenida Ipiranga, foi executado pela Polícia Militar sem resistência dos moradores, que integram movimentos sociais por moradia. Atualmente existem dez prédios no centro de São Paulo ocupados pela CMP (Central de Movimentos Populares) e pela FLP (Frente de Luta por Moradia). Rede Brasil Atual.
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