País registra 107 casos de 'doença da folha verde', causada pela absorção da nicotina
Felipe Bächtold na FSP
Um mal ligado à nicotina, conhecido e catalogado em outras partes do mundo, começa a ser detectado também no Brasil e preocupa autoridades de saúde.
A "doença da folha verde do tabaco" é uma espécie de overdose de nicotina absorvida pela pele. Ela costuma atingir trabalhadores do setor do fumo.
Mesmo não sendo fumantes, os afetados chegam a ter uma quantidade da substância cotinina -medida por exames de urina- maior do que a dos adeptos do cigarro.
O mal causa dores de cabeça, tontura, náuseas e cólica. Dura alguns dias e pode afetar a mesma pessoa repetidas vezes. Pesquisadores ainda avaliam a possibilidade de o problema provocar, a longo prazo, câncer e doenças cardiovasculares, assim como faz o cigarro.
A nicotina é absorvida pelo trabalhador na colheita das folhas. O suor, o orvalho e a chuva facilitam o contato da substância com a pele.
Uma pesquisa coordenada pelo Ministério da Saúde já reportou o que chamou de primeiro relato de surto do mal no Brasil. Em países como Estados Unidos e Índia, já havia situações do tipo.
O estudo do ministério detectou 107 casos no interior de Alagoas. Uma nova fase da pesquisa vai focar também plantações gaúchas -o Rio Grande do Sul concentra a produção de fumo no país.
Ao todo, 186 mil famílias vivem da cultura no Brasil.
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Sul reclama que o mal da folha do tabaco ainda é pouco conhecido e que os médicos costumam confundi-lo com outras doenças.
"As pessoas chegavam com essa síndrome e achavam que tinha algo a ver com agrotóxico", diz a epidemiologista da Secretaria da Saúde gaúcha Tânia Santos.
A Afubra (Associação dos Fumicultores do Brasil) diz que já orienta há anos seus associados a prevenir a doença com o uso de equipamentos de proteção. Existe resistência, porém, ao uso das vestimentas, devido ao forte calor que atinge as plantações.
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