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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Corsários da Indústria Farmacêutica: Anvisa quer acelerar entrada de genéricos no mercado


Segundo a agência, laboratórios dificultam acesso a remédios de referência

Fabricantes das drogas de marca podem ser obrigadas a vendê-las à indústria de genéricos para realização de testes






na FSP

Uma proposta que pretende acelerar a entrada de remédios genéricos e similares no mercado foi finalizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e deve ser divulgada hoje.



Como antecipado na segunda-feira pela coluna Mônica Bergamo, o assunto ficará em consulta pública por 60 dias. No processo, deve ser debatida a divulgação de dados dos remédios "originais", como as suas fórmulas.



O texto da consulta propõe que as empresas fabricantes do produto de referência do mercado -em que se baseiam as cópias- sejam obrigadas a disponibilizar, por meio de venda, amostras do remédio original para a realização do teste de equivalência ou de bioequivalência.



É esse o teste que confirma a igualdade ou semelhança entre o produto de referência e o genérico ou similar. Isso é necessário para o registro do novo remédio na Anvisa.



O entrave para a realização desses testes hoje, diz a agência, é o acesso aos medicamentos que não são vendidos em farmácias, mas usados por hospitais ou distribuídos gratuitamente pelo governo -principalmente antirretrovirais, drogas contra câncer e contra doenças negligenciadas e alguns antibióticos.



"As empresas [que desenvolvem genéricos] perdem até seis meses para conseguir comprar o produto e fazer o teste. Já houve casos de empresas não conseguirem comprar e a Anvisa ter que autorizar a compra do medicamento de referência fora do país, o que não é bom", afirma Dirceu Barbano, diretor-presidente da agência.



Uma decisão nesse sentido é fundamental para a produção de genéricos e para aumentar a concorrência no mercado, afirma Odnir Finotti, presidente da Pró Genéricos (Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos).



"Qualquer manobra para conseguir a reserva do produto vai ser coibida", diz.



A proposta também especifica, pela primeira vez, os critérios do governo para definir quais são os remédios tidos como referência no seu segmento e o passo a passo para a eventual troca dessa referência.



"Em muitos casos, não havia [listado] o medicamento de referência para a produção do genérico", diz Finotti.



Segundo Barbano, essa nova definição poderá agilizar a escolha dessas referências que faltam e prejudicam a produção das cópias.



A reportagem procurou a Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa) para comentar a proposta, mas a entidade afirmou que esperaria a publicação da proposta pela Anvisa.



Apesar de o tema central da consulta ser a cópia de medicamentos, o texto não aborda a questão de patentes.



O desenvolvimento e o registro de um medicamento genérico ou similar, explicam técnicos da Anvisa, podem ser feitos enquanto a patente ainda é válida. Problemas jurídicos ocorrem quando a cópia é colocada à venda com a patente ainda válida.

Consumo de Medicamentos no Brasil

Similar - 65,3%


Referência - 20,5%



Genérico - 13,2%



Fonte: Anvisa





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