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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Manual sobre complicação do diabete busca evitar milhares de amputações


Pé diabético não costuma ser tratado com urgência; problema causa 45 mil amputações a cada ano





A Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Cardiovascular (SBACV) lançou o primeiro manual de tratamento do pé diabético, complicação grave do diabete, responsável por cerca de 45 mil amputações de pernas e coxas por ano. A intenção da entidade é treinar clínicos e médicos de saúde da família para que identifiquem os sinais da doença e, assim, tentar reduzir à metade os casos de amputação.
 
O manual, voltado para profissionais de saúde que não sejam especialistas em diabete, tem fotografias para ilustrar os principais tipos de feridas. 
“O diabete mal controlado causa ao longo do tempo alterações no sistema nervoso, na pele, nas unhas, no sistema vascular, fazendo com que o paciente tenha pé ressecado, redução da sensibilidade, malformação das unhas. E esse ressecamento leva às rachaduras e lesões maiores”, explica o coordenador de programas sociais da SBACV e responsável pelo projeto, Jackson Caiafa. “O manual explica por que surgem as lesões e dá exemplos bem claros, com muitas fotografias”, completa.

De acordo com o especialista, o principal problema é que o tratamento do pé diabético não é feito precocemente. Isso ocorre porque, muitas vezes, o paciente ainda não sabe que tem a doença ou se recusa a aceitar o diagnóstico, já que os sintomas iniciais não provocam um grande incômodo. Sem tratamento adequado, a ferida evolui, levando à amputação.

“O paciente também tem de lidar com o sistema público de saúde. Muitas vezes ele precisa de um debridamento, procedimento cirúrgico de pequeno porte que trata a lesão e evita a amputação, mas só consegue marcar para um ano depois da primeira consulta. Ele precisa ser atendido em três dias”, afirma Caiafa. “O resultado é uma legião de amputados.”

Desconhecimento. O médico lembra que há poucas estatísticas tanto sobre os efeitos da doença como sobre os custos. O doente é amputado por infecção ou problemas vasculares, o que faz com que as estatísticas sejam mascaradas. “Os problemas vasculares são potencializados pelo diabete. O doente tem arteriosclerose mais precoce e mais intensa que o não diabético.”
Caiafa usa dados americanos para comentar sobre os gastos com pacientes com complicações pelo pé diabético. O custo anual nos Estados Unidos é de US$ 120 bilhões com diabéticos - 50% é o valor gasto com cirurgias, medicamentos, internações. A outra metade é o custo indireto com aposentadorias, afastamentos, licenças. 

“Dos custos diretos, 27% são gastos com o pé diabético. É a complicação mais cara, isoladamente, por causa da repetição. Esse paciente é operado muitas vezes, internado muitas vezes.” 

Dez mil exemplares do manual começaram a ser distribuídos. A entidade busca patrocínio para aumentar a tiragem, mas já há um link no site para quem se interessar pelo documento (sbacv.com.br/pdf/manual-do-pe-diabetico-final.pdf).

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