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sábado, 14 de janeiro de 2012

"Qual a urgência de trocar a prótese dessas outras mulheres? A fila será única ou separada?"

Fila para cirurgias de reconstrução preocupa pacientes


Estimativa é de que pelo menos 20 mil mulheres a serem diagnosticadas com câncer em 2012 precisarão de operação




Fernanda Bassette no Estadão




Ao mesmo tempo em que o Ministério da Saúde afirma que o SUS vai trocar as próteses de silicone das marcas PIP e Rofil das mulheres que apresentarem ruptura, centenas de outras mulheres em tratamento contra o câncer de mama estão na fila para fazer a reconstrução das mamas.



Isso tem preocupado entidades como a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) e o Instituto Oncoguia, que lidam diretamente com mulheres em tratamento de câncer.



Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que 52 mil mulheres serão diagnosticadas com câncer de mama em 2012. E a Sociedade Brasileira de Mastologia estima que ao menos 20 mil delas precisarão fazer uma cirurgia de retirada das mamas, sendo que apenas cerca de 10% delas sairão do centro cirúrgico com a mama já reconstruída.



Para Luciana Holtz, psico-oncologista e presidente do Oncoguia, o governo precisa deixar claro como vai organizar as filas das mulheres que precisam fazer mastectomia, das mulheres que precisam fazer a reconstrução e das que possuem próteses da PIP ou Rofil com problemas.



"Nós entendemos que o centro cirúrgico é um só. E existem centenas de mulheres com câncer esperando de três a seis meses só para fazer a mastectomia.



Para fazer a reconstrução, demora uns dois anos. Qual a urgência de trocar a prótese dessas outras mulheres? A fila será única ou separada?", pergunta Luciana.



Para a mastologista Maira Caleffi, o governo está correto em garantira assistência para as mulheres que tiverem problemas com as próteses PIP ou Rofil, mas ela também frisa que a fila de espera para uma mastectomia e para a reconstrução das mamas ainda é muito grande.



"O SUS poderia fazer as duas cirurgias ao mesmo tempo: a retirada e a reconstrução. Mas, em geral, os centros não fazem isso porque aumentaria o tempo de cirurgia. Nesse tempo,eles poderiam fazer outra cirurgia e tirar uma mulher da fila. E agora, como vai ficar?", diz Maira.



Fila. O Ministério da Saúde diz que não tem como informar quantas mulheres estão na fila de espera nem quanto tempo está demorando a cirurgia porque o gerenciamento das filas é descentralizado e é feito por cada Estado e município.



A aposentada Loeny Menezes da Rosa, de 61 anos, no entanto, esperou cinco anos na fila para conseguir fazer a cirurgia de reconstrução da mama pelo SUS.



Ela descobriu o câncer em 2001 e só conseguiu reconstruir a mama em 2006.



"O médico disse que se eu quisesse colocar silicone na hora eu teria de pagar à parte. Naquela época eu não tinha como pagar, por isso decidi esperar. Entrei na fila de novo e só fui chamada em 2006", contou Loeny,que só implantou o silicone em uma das mamas - a outra foi reduzida. "Ficou horroroso", diz.



O mastologista José Luiz Pedrini, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, entende que a reconstrução deveria ser feita ao mesmo tempo em que as mamas são retiradas, com exceção dos casos em que há contraindicação - como em mulheres fumantes, com diabete ou doenças cardíacas graves.



"Na maioria dos centros, isso não acontece. A sociedade de mastologia preconiza que a reconstrução seja feita imediatamente e nas duas mamas, mesmo que apenas uma tenha sido retirada. Isso garantiria a simetria das mamas e aumentaria a autoestima dessas mulheres."






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