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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Saúde sob escrutínio do berço aos 18 anos


JOICE BACELO | Pelotas/Casa Zero Hora

Pesquisa da Universidade Federal de Pelotas que acompanha 5 mil pessoas desde o nascimento, em 1993, revela queda no nível de atividade física e uma prevalência de obesidade de 10%, lançando um alerta sobre uma geração com alto risco de doenças crônicas


Um estudo que acompanha 5 mil jovens gaúchos desde o nascimento, 19 anos atrás, lança um alerta sobre as perspectivas de saúde do brasileiro.



Realizada em Pelotas e referência para decisões e programas doMinistério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde, a pesquisa teve seus resultados preliminares antecipados a Zero Hora. Os números apontam a presença de obesidade em 10% dos pesquisados.



Conduzido pelo Centro de Estudos Epidemiológicos da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o trabalho, ao constatar índices preocupantes de gordura corporal nos adolescentes, sugere que uma proporção crescente de adultos brasileiros pode ter alto risco de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares.



Neste momento, quando os pesquisados chegam à maioridade, já ocorreu a reavaliação de 80% dos participantes a conclusão está prevista para o mês de março. A Coorte 93 (assim chamada porque monitora pessoas nascidas em 1993) está entre os maiores estudos da América Latina na investigação de dados completos sobre saúde.



Desde o nascimento, os pesquisados passaram por testes aos seis, aos 11 e aos 15 anos. O comparativo revela, por exemplo, uma queda regular e preocupante no nível de atividade física. Aos 11 anos, 42% praticavam ao menos uma hora de atividade física diária. Aos 15, o índice estava em 38%. Agora, recuou para 30%.



O momento é de reavaliação da turma de 1993. Ontem foi a vez de Sandro Willian, 18 anos. Ele entrou em um dos modernos equipamentos disponíveis, o Bod Pod, que mede o volume do corpo, fornecendo uma estimativa da quantidade de massa magra e gorda.




Gerações de 1982 e 2004 sob análise



A Coorte 93 é uma das três que são acompanhadas também recebem a mesma atenção grupos de nascidos em 1982 e 2004. Nesses anos, o Centro de Pesquisas Epidemiológicas organizou plantões todos os dias nos hospitais de Pelotas a fim de identificar todas as crianças nascidas e conhecer dados de suas vidas.



Esses dados incluíam as condições de saúde da mãe e do bebê, o peso ao nascer, a alimentação, as condições ambientais da família e a qualidade da assistência médica. Os objetivos dessa investigação são conhecer o estado de saúde das populações, identificar as causas das doenças e desenvolver estratégias preventivas.



Com três décadas de acompanhamento, dados comparativos entre as gerações e mais de 500 artigos científicos publicados, os estudos da UFPel geraram conhecimento sobre temas como mortalidade infantil, amamentação, cesarianas, desnutrição, obesidade e doenças crônicas.



Em 2015 uma nova coorte de nascimento será desenvolvida. O estudo terá dois itens inéditos: acompanhamento desde a gestação e enfoque na atividade física.

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