Braço da Fundação Getulio Vargas (FGV) para o desenvolvimento de novas ideias, a FGV Projetos está construindo uma trajetória de internacionalização, exportando trabalhos desenvolvidos com sucesso aqui no Brasil.
A modelagem do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, feita para o Ministério da Saúde, está sendo exportada para o Peru. E o censo de bibliotecas municipais feito para o Ministério da Cultura está sendo implantado, a partir de um convênio com a Unesco, o órgão das Nações Unidas para educação ciência e cultura, no Peru, na Guatemala e em outros países da região.
Não queremos ficar fora do debate global. Estando o Brasil como a sexta maior economia do mundo, a Fundação tem que estar no nível da sexta economia do mundo, afirma Cesar Cunha Campos, diretor da FGV Projetos. Segundo ele, não está nos planos atuar como uma consultoria clássica, colocar projetos debaixo do braço e oferecer os trabalhos ao mercado. Não somos uma consultoria, mas quando somos chamados, temos que fazer, explicou.
Sobre o censo das bibliotecas, realizado no país em 2010, Campos explica que a intenção do governo era zerar o déficit desse tipo de ferramenta de estímulo ao estudo no Brasil. Foi um 'case' de sucesso, conta Campos.
A consequência foi que a Unesco procurou a FGV Projetos e foi feito um convênio para cessão de tecnologia. Cedemos toda a metodologia e nos colocamos à disposição. Eles vão fazer no Peru, na Guatemala e em vários outros países da América Latina, conta.
A modelagem do SUS também está em vias de ser exportada para o Peru graças ao sucesso doméstico alcançado pelo trabalho. Campos explica que, embora a FGV cobre por seus serviços e tenha faturado no ano passado cerca de R$ 700 milhões (em todas as áreas de atuação), ela não visa o lucro como uma consultoria normal e pauta sua internacionalização como um fruto da nova inserção internacional do Brasil. É mais por mérito do país do que nosso, diz.
Um exemplo dessa postura, ressalta o diretor, é outro projeto de sucesso desenvolvido pela instituição, a elaboração do dossiê olímpico que deu à cidade do Rio de Janeiro, em 2009, a vitória na disputa para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. O sucesso levou a que várias cidades tenham procurado a FGV Projetos para elaborar os seus dossiês, mas as propostas foram recusadas. Isso nós não queremos. Existem várias instituições qualificadas para fazer (os dossiês). O que nos interessa são papéis estratégicos, explica Campos.
O primeiro grande trabalho de projeção internacional da FGV foi o desenvolvimento de projetos de biocombustíveis para países da América Central e da África em cooperação técnica com Estados Unidos e União Europeia a partir de acordos com esse objetivos assinados, respectivamente, em 2007 e em 2011.
O objetivo é captar recursos a partir da criação de um fundo de investimentos internacional para viabilizar o desenvolvimento de potencialidades, especialmente sucroalcooleiras, em países como Costa Rica, Nicarágua, Senegal, Zâmbia e Moçambique. Apesar da presença dos Estados Unidos e de países europeus na articulação dos projetos, Costa ressalta a oportunidade que a indústria brasileira tem para fornecer equipamentos aos países que concretizarem os projetos.
O dirigente da FGV Projetos disse que, por enquanto, não está nos planos a abertura de escritórios no exterior, embora essa hipótese não esteja descartada. Enquanto isso, a instituição promove eventos como forma de debater temas relevantes e firmar sua presença nos centros de pensamento internacional.
Estamos agendando eventos nos Estados Unidos. Para que isso? Queremos começar a nos expor nos Estados Unidos. Isso é importante para o Brasil também. A ideia é mostrar que existem coisas pensantes aqui no Brasil e que nós somos uma delas, explica.
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