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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Dona Amélia foi trabalhar no "Paraíso"



I

Ponho a mesa, coloco a comida quente e peço para que o João avise a Dona Amélia(*) para que venha almoçar conosco.

 Dona Amélia desliga por um instante o aspirador, volta-se para o menino com expressão de surpresa.

"Podem ir comendo, eu vou terminar aqui e depois como"...

Subo e digo a ela que temos o hábito de almoçar todos juntos. Os que aqui moram e os que aqui trabalham. Insisto - em vão - para que ela desça, pois a comida pode esfriar.


II


Em outro momento, a Dani me repassa uma história que Dona Amélia contou para ela.

Consta que certa vez os patrões de  Dona Amélia a "emprestaram" para que trabalhasse como diarista na residência de uma família muito chique lá no Batel. Segundo ela, o prédio parecia um palácio. Um apartamento por andar, cada um deles com área umas quatro vezes maior do que a nossa casa.

Dona Amélia teve alguma dificuldade para encontrar a entrada de serviço. Subiu apertada no elevador acomodada entre caixas de entrega de supermercado.

No palacete (digo, apartamento) foi recebida pela empregada "Efetiva", encarregada de transmitir as instruções da patroa. Foi informada que naquele dia ela e uma outra diarista estariam trabalhando.  A "outra" e Dona Amélia fariam a limpeza do "apêzão", cada uma delas em um setor. 

A patroa determinou que elas não poderiam conversar uma com a outra.

Também não poderiam atender celular.

Os armários e balcões foram mantidos fechados a chave. Nenhum objeto "interessante" deixado a vista. 

Produtos de limpeza fornecidos mediante solicitação para a "Efetiva" a medida que fosse necessário.

Na hora da refeição, prato pronto com arroz, feijão e UMA almôndega...



III


Em uma próxima oportunidade, pretendo perguntar a Dona Amélia onde é que estava a patroa naquele dia.

Aposto que tinha ido a uma reunião de socialites do "Cansei".


(*) Evidentemente, o nome é fictício...

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