Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Os gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) com assistência ambulatorial – como consultas e exames diagnósticos – e internação hospitalar podem atingir, em 2030, R$ 63,5 bilhões, uma elevação de quase 149% em relação aos R$ 25,5 bilhões gastos em 2010. A estimativa foi divulgada hoje (27) pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (Iess).
De acordo com o instituto, a projeção é baseada no aumento e envelhecimento da população brasileira, com o consequente crescimento na utilização do sistema de saúde e nos gastos de atendimento. Segundo o Iess, em 2010, o Brasil contava com 190,8 milhões de habitantes, dos quais 11% de idosos (a partir de 60 anos de idade). Para 2030, a estimativa é que o total de idosos atinja 40,5 milhões, ou 19% da população, prevista para 216,4 milhões.
As despesas com internação de idosos, por exemplo, podem atingir R$ 14,3 bilhões em 2030, valor 4,7 vezes superior ao registrado em 2010. “Apenas com o impacto do aumento e envelhecimento da população, os gastos com serviços ambulatoriais e hospitalares seriam de R$ 35,8 bilhões em 2030. Considerando, ainda, o crescimento das taxas de utilização do SUS e dos gastos médios por atendimento, projeta-se o cenário mais realista, no qual as despesas atingirão R$ 63,5 bilhões”, conforme trecho do relatório.
O Iess questiona ainda se o país terá orçamento suficiente para arcar com as despesas da saúde. Com um crescimento de 2% ao ano, o orçamento do SUS, segundo o instituto, será de R$ 37,9 bilhões em 2030. “Em um cenário otimista, de crescimento do PIB de 4% ao ano, o orçamento do SUS ficaria em R$ 56 bilhões”, inferior aos R$ 63,5 bilhões estimados para as despesas hospitalares e ambulatoriais.
A assistência ambulatorial compreende procedimentos realizados por profissionais de saúde no âmbito do ambulatório, sem necessidade de internação hospitalar, como consultas, exames diagnósticos, terapias e procedimentos clínicos e cirúrgicos.
O Instituto de Estudos de Saúde Suplementar é uma entidade sem fins lucrativos que tem o objetivo de promover e realizar estudos sobre saúde suplementar. O instituto é um braço acadêmico das principais operadoras de saúde do país. Suas mantenedoras são Golden Cross, Amil, Bradesco Saúde, Sulamérica, Intermédica e Odontoprev.
A pesquisa que projetou os gastos do SUS foi coordenada pelo Iess, com apoio técnico do professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), Antonio Carlos Coelho Campino.
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