Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Grupo de teatro criado há 26 anos para oferecer alternativas aos jovens da Favela do Vidigal, na zona sul do Rio, o Nós do Morro reestreia hoje (6) o musical Bandeira de Retalhos. A peça, que fica em cartaz até 18 de dezembro, é baseada em fatos verídicos sobre a tentativa violenta de desocupação policial dos moradores da comunidade em 1977.
Na ocasião houve uma grande mobilização social, incluindo moradores, igrejas e imprensa, que garantiu a permanência da população na área. O criador do Nós do Morro e diretor do musical, Guti Fraga, considera que a obra, embora escrita e musicada por Sérgio Ricardo em 1979, continua atual.
Em palco estão 21 atores, que se revezam durante 105 minutos de espetáculo, encenado no Casarão Nós do Morro, na rua Doutor Olinto Guimarães, 54, no Vidigal, todas as terças-feiras, às 20h. Os ingressos custam R$ 10 e R$ 5.
O Nós do Morro oferece atividades culturais, como aulas de dança, música, canto, história do teatro e interpretação, a cerca de 400 pessoas, grande parte delas da própria comunidade, mas também vem atraindo jovens dos mais variados bairros do Rio.
“O Nós do Morro foi criado em 1986 com objetivo de dar acesso às artes a quem não tinha. É uma escola de vida, principalmente para as crianças, que crescem aqui dentro”, disse Guti.
Vista da Vila do Vidigal a partir da trilha do Morro Dois Irmãos. Ao fundo, a Praia de Ipanema
Comentário: A notícia mexeu com minhas memórias.
Foi assim...
O ano era 1979. Eu cursava residência médica no HSE-RJ. Shirley fazia estágio no Instituto de Psiquiatria da UFRJ.
Certo dia alguém lá na residência convidou um grupo para participar de uma reunião na Associação de Moradores da Vila do Vidigal.
Fomos até lá em uma terça feira a noite.
Imaginem o que significava para um casal de neófitos paranaenses morando a pouco tempo na Cidade Maravilhosa, deixar o seu Corcel 77 estacionado na Estrada do Vidigal e atravessar a favela a pé por entre as casas para chegar no local da reunião.
Imaginem a emoção ao sermos informados que o famoso compositor Sérgio Ricardo morava lá na Vila!
Fomos apresentados a um mundo todo novo.
Desde aquele dia começamos a trabalhar como voluntários junto a Associação.
Frequentávamos as reuniões da Associação durante a semana e, nos sábados pela manhã, enquanto eu atendia consultas de pediatria em um ambulatório improvisado na sede da Associação, a Shirley participava de atividades com as mulheres e crianças.
A Associação ficava em um barraco pendurado sobre a Avenida Niemeyer que se movia pendendo para um lado ou outro de acordo com o movimento das pessoas em seu interior. Tinha uma espécie de varanda na frente com vista para o mar.
Acredito que nunca trabalhei em um local com uma vista tão linda.
Naquele ano Shirley e eu tivemos a honra de termos sido apresentados às comemorações pela passagem do "Dia da Resistência"...
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