no Valor Econômico
Sem garantias de que seu relatório será aprovado, o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), leu ontem, finalmente, o resumo do texto final. Ele confirmou a retirada de pontos polêmicos, como o pedido de indiciamento de jornalistas e o que pede ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) que investigue o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, por não ter levado adiante a investigação da Operação Vegas.
O problema agora é outro. Setores do PSDB e do PMDB se movimentam para derrubar o relatório mesmo com essas alterações. Incomodam-se, respectivamente, com o pedido de indiciamento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), por seis crimes, e do ex-proprietário da construtora Delta, Fernando Cavendish.
Os tucanos prometem se mobilizar para que o texto de Cunha seja rejeitado. Evidente que houve um ganho com as alterações, mas o relatório é incorrigível. É inconcebível que ele traga somente o Marconi Perillo no texto, disse o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), integrante da CPI, que vincula a inclusão do tucano ao fato de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser seu desafeto em razão de sua declaração pública de que o alertou sobre o mensalão antes de o escândalo estourar.
Se ele tivesse incluído todos os governadores suspeitos não teria problema, completou. Sampaio delineou as estratégia do partido a partir de agora. Primeiro, vamos tentar derrubar o relatório. Se isso não for possível, vamos tentar convencer o presidente da CPI de que é possível a apresentação de destaques (emendas), declarou.
No entanto, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB), diz que o regimento comum da Câmara e do Senado impede a apresentação de destaques. Mas Sampaio avalia que se houver acordo, isso é possível. Antes da sessão de hoje, isso chegou a ser cogitado em reunião dos partidos com o relator, mas o petista rejeitou a tese. Existem precedentes para isso. O relator foi de um autoritarismo inacreditável.
Simultaneamente a esses movimentos, o PSDB vai preparar voto em separado. Ele, porém, não disse o teor do seu texto. A se considerar o que afirmou o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) antes da sessão de hoje, o relatório tucano não deve incluir políticos. Sua base será a relação da construtora Delta com o governo federal, ignorada no relatório de Cunha. Agora a CPI abrirá discussão sobre o texto de Cunha. A tendência é de que a votação do seu relatório ocorra no dia 11 de dezembro.
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