Saúde: atendimento específico para índios urbanos é suspenso em Manaus
População indígena que vive nas cidades aumentou e agora exige atendimento específico na rede pública de saúde
Ação de Atenção à Saúde da População Indígena foi criada em 2005, resultado de uma mobilização do movimento indígena em Manaus
no A Crítica
A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) acabou com a área de atendimento à população de indígenas que vivem em Manaus. De acordo com a nova estrutura do órgão, a saúde indígena foi aglutinada no Núcleo de Saúde do Homem e Grupos Especiais, um dos contemplados pelo Departamento de Atenção Primária.
Ação de Atenção à Saúde da População Indígena foi criada em 2005, resultado de uma mobilização do movimento indígena em Manaus. O programa apresentou projetos pioneiros a este setor, como o levantamento de pacientes indígenas atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Manaus (até então inédito), construiu atividades de atendimento à mulher indígena e às populações rurais e ajudou a elaborar projetos de atendimento diferenciado, que incluía cursos de capacitação sobre informações acerca das diferentes etnias indígenas e suas especificidades.
Entre 2004 e 2011, a Semsa também recebeu recursos do Ministério da Saúde. Ainda há sobras deste recurso, que permanecem no orçamento da Semsa. Uma das dúvidas é como a gestão da saúde indígena será executada a partir de agora.
A conselheira de saúde indígena Maria do Carmo Wanano disse que o fim da pasta pode deixar “ainda pior” o atendimento aos indígenas na capital amazonense. Anteontem, durante reunião entre Evandro Melo e os conselheiros de saúde, Maria do Carmo questionou o secretário sobre a medida e ele, segundo ela, se limitou a confirmar e dar alguns algumas informações mais gerais.
Maria do Carno Wanano afirmou que o fim da ação pode comprometer projetos e demandas que já vinham sendo planejadas em 2012. Ela afirmou que vai procurar o Ministério Público Federal (MPF) para comunicar a decisão e pedir orientação.
Mara Cambeba, do Instituto de Saúde Indígena em Manaus (Icresam), afirmou que não sabia do fim da pasta e se mostrou surpresa.“A gente tinha um departamento que era uma referência. Uma reivindicação antiga nossa. Considero o fim da ação um retrocesso. Precisamos de um posicionamento oficial da Semsa. Queremos saber como vai ficar também o recurso Ministério da Saúde repassava”, disse.
O integrante da União dos Povos Indígenas de Manaus (Upim), Adail Munduruku, também foi informado pela reportagem sobre a medida. Surpreso, ele disse que agora “é preciso saber o que sobrou para os indígenas”.
“Temos uma pauta que precisamos manter, que é a da saúde e de educação. Depois dessa informação, vamos querer sentar com o secretário. Queremos saber o que de fato vai ficar conosco. Cada grupo é diferente. Não dá para abranger todas as mineiras numa só ação”, disse.
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