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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Cenas Curitibanas: O pivetinho fantasiado de pinguim e o sinal vermelho



O pivetinho fantasiado de pinguim (terninho e gravata) tenta furar o sinal vermelho pilotando a sua possante Mercedes-Benz prateada.

Outro motorista que vinha cruzando com o sinal aberto se assusta, buzina e reclama. 

Parado com seu carro no meio da rua, o pivetinho fantasiado de pinguim exercita toda a sua educação de “menino do Sion”, joga meio corpo prá fora da janela e xinga o outro de “filho da puta”.

Pisando fundo, fura o sinal, tira uma fina (esta “tira uma fina” é do meu tempo) do motorista abusado (que pretendeu passar com o sinal verde e acabou atrapalhando o seu caminho) e, na quadra seguinte, tenta furar outro sinal vermelho e quase atropela um ciclista sobre a faixa de pedestres.

O ciclista xinga a mãe do pivetinho fantasiado de pinguim. 

Pivetinho e um senhor (seria o papai do pivetinho? seria cafetão de garoto-de-programa?)  saltam do carro e destilam contra o ciclista todo o repertório de palavrões disponível fora do manual da Glorinha Kalil. 

Afinal, o camarada teve a imperdoável petulância de atrapalhar a passagem do pivetinho fantasiado de pinguim (terninho e gravata) furando o sinal vermelho ao volante da sua possante Mercedes-Benz prateada.

Dito o que tinham a dizer, ambos tomaram seus assentos, e o pivetinho fantasiado de pinguim pilotando a possante Mercedes-Benz prateada finalmente fura o sinal vermelho e desaparece.

Cena emblemática da finesse e cordialidade típicas da nossa educadíssima classe dominante.

Em tempo: o final da placa da Mercedes-Benz prateada é 6903.

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