Folha de São Paulo (via boletim do NEMS-PR)
O envelhecimento da população e o reajuste acima da inflação nos preços dos procedimentos médicos estão colocando os custos com saúde de funcionários no topo das preocupações das grandes empresas no Brasil.
De 2003 a 2011, os gastos com saúde de empregados aumentou 155%, segundo um estudo da consultoria de recursos humanos Mercer Marsh, feito com 342 companhias em operação no país. A inflação no período foi de 87%.
Os números refletem o cenário de aumento da idade média da população brasileira, que implica um número maior de vítimas de doenças crônicas, cujos tratamentos são mais caros e longos.
Além disso, a necessidade crescente de incorporação de novas tecnologias na área médica tem elevado os custos dos procedimentos -o que é repassado aos planos de saúde e às empresas.
"O cenário para os próximos anos é catastrófico. Se nada for feito, as empresas em algum momento não vão ter condições de pagar os planos de saúde da forma que fazem hoje", diz Juliano Tomazela, gerente de gestão de saúde da Mercer Marsh.
A fatia dos benefícios de assistência médica na folha de pagamentos também tem subido: passou de 9,5% entre 2009 e 2010 para 10,4% nos últimos dez anos.
Segundo projeção da Mercer Marsh, esse percentual deve chegar a 13% em 2022 e a 16,4% em 2032.
PROGRAMAS
Sem poder combater as duas grandes tendências, as companhias tentam atacar o problema por outras frentes. Nos últimos anos, tem crescido o número de empresas com programas internos de gestão de saúde. Segundo a Mercer Marsh, 62% das companhias no país têm algum projeto desse tipo.
As iniciativas vão desde as tradicionais palestras sobre saúde e bem estar ao monitoramento de funcionários com doenças crônicas como diabetes e hipertensão, que incluem até ligações diárias de enfermeiras.
"A ideia é fazer algo antes que as pessoas adoeçam ou, no caso de crônicos, evitar as internações, que representam uma parte expressiva do gasto total com saúde", diz Marília Ehl Barbosa, presidente da Asap (Aliança para a Saúde Populacional).
A entidade, criada em 2012, reúne empresas e planos de saúde interessados em promover a gestão de saúde.
Os programas para doentes crônicos podem diminuir entre 20% e 25% os gastos com internações desses pacientes e evitar as "reinternações", mais onerosas. "Isso significa uma redução líquida de 3% na despesa total com saúde", diz Marília.
TELEMEDICINA
Com cerca de 100 mil funcionários, a Vivo/Telefônica "importou" da sua matriz espanhola há cerca de oito meses um programa de monitoramento de doentes crônicos, com o uso de telemedicina.
Um grupo de 2.000 empregados em São Paulo participa do projeto. Após fazerem medições em casa, eles inserem informações como pressão arterial e glicose em uma plataforma virtual. Os dados são acompanhados por médicos da companhia ou da sua rede referenciada (exclusiva da empresa).
"Se mal geridos, os doentes crônicos chegam a impactar 60% do custo total da carteira de saúde da empresa", diz Michel Daud Filho, diretor de saúde e qualidade de vida da Vivo.
Segundo o executivo, as iniciativas têm ajudado a empresa a manter seu custo de saúde "equilibrado".
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