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sexta-feira, 12 de julho de 2013

"Tio, eu sou de menor, não bebo, nem sei o que é este tal de "coquetel molotóvi"



"Cheguei de mais uma noite de lutas. Estava no time de mais de 30 advogados e impedimos mais de cem prisões. 

Mas o mais sensacional foi quando a polícia chegou com um garotinho de 7 anos dizendo que ele tinha jogado um coquetel molotov. 

Na hora ele me disse que nem sabia o que era aquilo. Perguntei pelos pais dele e ele me respondeu que não tinha pai nem mãe. Assim ele não poderia sair. Ele só me pedia para não ser levado para um abrigo. 

Como eram muitos detidos, fiquei atendendo vários casos e estava o maior tumulto na delegacia. Quando vi o menininho passando por baixo da corrente do balcão ainda com lágrimas nos olhos. 

Calmamente abriu a porta da delegacia. Ainda olhou para mim e saiu em disparada pela rua Gomes Freire. 

O policial perguntou para mim sobre o garotinho e falei que nem de carro eles pegariam mais o menininho. O policial então disse que não iria sair correndo atrás dele. 

Pensei, muito feliz, que o garotinho tinha lutado e conseguido sua própria liberdade. Ver essa fuga foi o fato mais sensacional de mais uma madrugada nas delegacias do Rio de Janeiro." 

ANDRÉ BARROS, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB e do Instituto dos Advogados Brasileiros

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