Moliére, que por coincidência morreu sem assistência médica.
O post de ontem onde escrevi que não entendo a oposição ao programa "Mais Médicos" do Governo Federal provocou reação de muitos leitores.
Vale lembrar que entrei nesta discussão da questão médica pela consciência que adquiri depois de 4 meses no SUS atrás de um laudo médico que até hoje não consegui. Nesse tempo passei por coisas absurdas, e é apenas um laudo. Imaginem uma dor, uma doença grave...
Hoje relembro Moliére e os médicos. Para Moliére a Medicina era arte e não ciência, e ele não estava errado se atentarmos para o juramento médico, de Hipócrates, que diz:" ...a arte de curar".
Moliére querelou com os médicos. Afirmava que a Medicina era arte porque partiam os médicos de interpretações várias para cada caso e doente e não da absoluta certeza.
Os antigos gregos tinham em Apolo Phebo a divindade da música e da medicina porque era a divindade da Harmonia. Para os gregos, como para os homeopatas saúde é Harmonia.
"... a arte de curar". Para fazer arte é preciso ter o Dom.
Mas os médicos foram isolando-se em torres defensivas, transformando seus dons de cura em poder inquestionável. Como se respaldados por uma Sabedoria Suprema que em nome da Ciência não nos autoriza discuti-los nem à sua prática ou ética.
Um ator pode errar seu texto, o máximo que acontecerá é o público vaiá-lo. Mas um médico quando erra pode levar a danos irreparáveis.
Toda essa discussão em torno do "Mais Médicos" está servindo para a publicação dos médicos e da medicina feita no Brasil.
Que eu saiba apenas tres profissões são públicas no País: os políticos, os artistas e as prostitutas. As duas primeiras publicadas pela mídia. A última é pública pelas ruas.
Agora chegou a vez dos médicos e dos burocratas da Saúde. De sabermos o que pensam... quais suas condições de trabalho... como lidam com a arte curar... de sabermos a que ponto chega a burocracia no serviço de atendimento médico... qual a vontade política dos governantes... a boa vontade dos médicos... tudo isto está vindo à tona com a questão do "Mais Médicos" e tenho certeza de quem ganhará com isto será a população, a cidadania.
Vivemos uma época em que tudo que estiver escondido será revelado. É a revolução da informática.
Hoje o povo vê que o Rei está nu, seja ele a burocracia do Estado; o desvio das verbas públicas; seja ele a corporação médica; seja ele os interesses dos planos de saúde; seja ele a boa ou má ação dos políticos ou dos médicos...
Alguma coisa vai restar disto, e tenho certeza que será para melhor.
Essa discussão que hoje ocorre no País expõe as feridas; as chagas; a doença da Medicina no Brasil.
Amanhã devo relatar as contribuições que recebi dos leitores. Muitos deles médicos.
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