Gilberto Dimenstein na FSP
Quem não se impressiona com a histeria corporativista promovida por entidades médicas, embalada por questões partidárias e ideológicas, vai, aos poucos, percebendo o seguinte: todos saem ganhando com a vinda dos médicos cubanos.
Esclareço que não tenho nenhuma simpatia pelo regime cubano - e nem acredito que vamos resolver a questão da saúde como a chegada desses profissionais.
Também esclareço que desconfio de um governo que faz apressadamente projetos para atender pressões populares. E de um ministro ( Padilha), que é candidato a governador.
Não devemos cair nem na histeria da oposição nem no marketing oficial.
Dito isso, como mostrou a Folha, os cubanos vão ganhar aqui cerca de 40 vezes o que ganham lá, melhorando sua qualidade de vida.
Poderia ser melhor? Eles podiam ficar com todo o dinheiro? Poderiam. Mas daí a falar em escravos, como fizeram muitos médicos, apenas se explica pela histeria. E uma preocupação próxima de zero a saúde nas comunidades sem médicos.
Note-se que esse acordo foi feito com a Organização Mundial de Saúde ( via seu braço para a América Latina), seguindo padrões internacionais.
Reportagem do jornal de "O Estado de S. Paulo" mostra que, no exame de certificação do diploma ( Revalida), os médicos formados na Escola Latino-Americana de Cuba ( Elam) se destacaram.
Não vi nenhuma informação consistente sobre um suposto despreparo dos médicos que vêm de fora, em particular os cubanos. A Folha, em outra reportagem, mostra que a formação deles é particularmente interessante para áreas degradadas, com foco em saúde da família.
Portanto, o país sai ganhando com um profissional preparado para ocupar uma vaga recusada pelos brasileiros.
E saem ganhando os médicos estrangeiros que melhoram sua condição de vida.
Saúde é coisa muita séria para ser tratada pelo estetoscópio da ideologia.
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