Secretaria da Saúde diz que liberou R$ 3,3 milhões para o Parque Belém.Diretoria do hospital quer mais recursos para reabrir emergência desativada.
no Portal G1
Uma polêmica envolvendo dinheiro público está causando transtornos à população em um dos maiores hospitais de Porto Alegre. O setor de emergência do Parque Belém, na Zona Sul, está fechado há cerca de dois anos por falta de investimentos. O impasse está na verba repassada pela prefeitura, como mostraram o RBS Notícias e o Jornal do Almoço (veja os vídeos) desta terça-feira (10).
A Secretaria da Saúde afirma ter enviado R$ 3,3 milhões para a retomada das atividades no local. A diretoria do hospital, por sua vez, diz que faltam recursos para reativar a emergência, que tem capacidade para atender 300 pessoas por dia.
"São R$ 3 milhões para equipar essa porta de entrada e em torno de R$ 1 milhão para o custeio. Não me canso de repetir que R$ 300 mil mensais são insuficientes para manter uma porta de entrada", afirma Luiz Augusto Pereira, presidente da mantenedora do Hospital Parque Belém. "Precisamos comprar equipamentos de parada cardíaca, respiradores, enfim. Nós queremos uma emergência que tenha segurança e que não tenha superlotação", acrescenta.
O secretário Municipal de Saúde, Carlos Henrique Casartelli, argumenta que os recursos destinados ao principal problema do hospital foram aplicados em outras áreas. A verba adicional, requisitada pela diretoria da instituição, foi descartada pela prefeitura.
"O próprio presidente do hospital reconhece que o dinheiro não foi aplicado no objeto. Ele alega, e eu acredito, que utilizou em outras necessidades do hospital, mas não na porta de entrada que era a emergência. Neste momento nós não temos recursos para colocar a mais do que já foi colocado", ressalta Casartelli.
O Parque Belém deveria atender pacientes do SUS e de convênios particulares. A instituição tem capacidade para funcionar com 500 leitos, mas apenas 200 estão ativos, segundo a Secretaria da Saúde. O setor de emergência tem 20 salas de observação. Algumas alas já estão prontas, mas faltam pequenos detalhes para entrar em operação.
Enquanto isso, as pessoas que buscam atendimento no hospital se surpreendem com a situação. Ao contrário de outras instituições que enfrentam superlotação diária, o Parque Belém não atende casos mais graves.
"Já viemos aqui umas duas vezes e a emergência está fechada ainda. Tem que sair daqui e ir lá no hospital da Vila Nova em vez de um hospital na frente de casa", reclama o aposentado Paulo Roberto Marques.
O agricultor Roberto Betio, que também é morador da Zona Sul, levou a mulher na semana passada para ser atendida no Parque Belém. Ele garante que era um caso de urgência e que teve de procurar outro hospital. "É ruim, a gente tem que se deslocar até outro lugar, chega lá e tem de esperar também", lamenta.
Além da emergência fechada há dois anos, a instituição também enfrenta outros problemas. Oito médicos da ortopedia e traumatologia se demitiram e foram trabalhar no Hospital de Pronto-Socorro. "Falta medicamento, falta material de manutenção, faltam profissionais. O hospital está em crise, isso não dá para negar", salienta o presidente do SindiSaúde, Arlindo Ritter.
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