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domingo, 22 de dezembro de 2013

Menos de 2 minutos de consulta

Até o sindicato reconhece que atendimento deve durar 15 minutos. Melhor tempo verificado foi de 6 minutos e 25 segundos


Galtiery Rodrigues em O Popular - GO


O Sindicato dos Médicos de Goiás (Simego) informa que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma consulta eletiva deve durar e] torno de 15 minutos. Na cronometragem feita pelo POPULAR, o tempo máximo atingido na primeira consulta foi de 6 minutos 25 segundos e 7 milésimos no Cais Deputado João Natal, no Setor Vila Nova. A maioria dos casos ficou abaixo dos 2 minutos. Em Goiânia, o menor tempo foi registrado no Cais do Finsocial - 1 minuto, 20 segundos e 7 milésimos.

No fim da tarde de terça-feira, O POPULAR esteve no Finsocial. Na recepção, mais de 10 pessoas aguardavam para serem atendidas havia mais de 1 hora e meia. Todas já tinha preenchido as fichas e estavam aguardando a triagem para serem encaminhadas para o médico. Uma delas já não aguentando mais a espera, perguntou a uma das atendentes o que estava acontecendo. A resposta foi a de que o médico linha ido ao banheiro. De repente, todos foram chamados para entrar na Emergência, sem passar pela triagem e, em meia hora, já tinham sido liberados, um a um, alguns com receitas e outros com pedidos de injeção e exames rápidos.

Na quarta-feira de manhã, a informação era de falta de médico no Finsocial. O atendimento só começou às 11 horas. Eram 9 horas, e O POPULAR estava no Cais do Jardim Curitiba, região noroeste de Goiânia. Lá, uma senhora estava à espera para ser atendida com uma forte dor no braço e no peito. Ela tinha ido ao Finsocial antes e teve de recorrer a outro local, por causa da falta de atendimento. Em 2 minutos 8 segundos e 85 milésimos ela foi avaliada pelo médico, que rechaçou a suspeita de enfarte e disse que era uma dor muscular. Ele a tocou uma única vez e permaneceu sentado.

A coordenadora de Urgências da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, Patrícia Antunes de Moraes, entranhou a falta de médicos no Cais do Finsocial, porque, segundo ela, a unidade está sem nenhum problema. Conforme a escala, o profissional deve entrar ás 7 horas e sair às 19 horas, com direito a duas horas de intervalo e, lá, possui médicos para isso. Patrícia esclarece, ainda, que é comum pacientes com problemas corriqueiros e que podem ser resolvidos facilmente sem recorrer à urgência.

Basicamente, o objetivo do setor de emergência é evitar as chamadas mortes evitáveis. Em Goiânia e Aparecida, as prefeituras garantem que o trabalho não é feito em cima de números e maior quantidade de atendimentos. "A nossa avaliação está ligada à prontidão obrigatória para atender pacientes graves", afirma Francisco Porto, responsável pela Coordenação Médica na Secretaria de Saúde de Aparecida de Goiânia. No município, ele cita ainda a dificuldade para se conseguir médicos para trabalhar em pronto-socorros.

É freqüente encontrar anúncios de vagas para médicos na prefeitura de Aparecida. Francisco lembra que o programa Mais Médicos, do governo federal, não prevê o envio de profissionais para a urgência e emergência, apenas para ambulatório e saúde da família. Quanto ao recorde das consultas de menos de um minuto no Cais do Nova Era, Francisco garantiu que o fato será investigado. "É inadmissível esse esse tipo situação", afirma. O POPULAR tentou falar com os secretários de Saúde de Goiânia e Aparecida, mas não foi possível. Fernando Machado, titular da pasta na capital, está em viagem e Paulo Rassi não foi localizado.

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