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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Sem intermediários, planos médicos gastam 50% menos com próteses

no DCI

SÃO PAULO - Preços distorcidos por uma longa cadeia de distribuição têm sido a marca registrada do mercado de órteses, próteses e materiais especiais, que movimenta cerca de R$ 16 bilhões no Brasil, somando os sistemas de saúde pública e privada. Na ponta da cadeia, as operadoras de saúde pedem mais transparência na formação dos preços. Em entrevista ao DCI, o presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde), Marcio Coriolano, disse que o preço de uma prótese de joelho, que sai da fábrica por R$ 2.096, chega a custar R$ 18.362 para o plano de saúde.

As órteses, próteses e materiais especiais, conhecidas pela sigla OPME, incluem vários tipos de dispositivos médicos. É o caso de peças de titânio usados em cirurgias ortopédicas, em locais como coluna, quadril, joelho e ombro. O uso desses insumos também é comum em procedimentos cardiovasculares e neurológicos

Uma das ações das operadoras de saúde é a negociação direta com os fabricantes. Segundo Coriolano, a economia reportada fica na ordem dos 50%. "E esse desconto é com marcas conhecidas e respeitadas pelos cirurgiões do mercado, não com produtos de segunda categoria."

Por outro lado, ele afirma que essas são "ações pontuais". A solução defendida pela Fenasaúde é aumentar a transparência da cadeia de distribuição. Até que o produto chegue para o paciente, há incrementos de preço com o pagamento de comissão para vendedores, margens de distribuição, custos com os próprios médicos e impostos. De acordo com Coriolano, há uma distorção "bastante forte" ao longo da cadeia, desde o momento que o material sai da fábrica até onde a operadora paga. Outra situação comum é que os próprios hospitais consigam parte significativa de suas receitas ao acrescentar uma margem sobre o custo dos materiais.

Para os planos de saúde, em média, os gastos com órteses, próteses e materiais especiais representam 20% de todo o custo com materiais hospitalares. Ou seja, R$ 8 bilhões dos R$ 40 bilhões gastos em 2012 com insumos. "Mas a saúde pública também gasta uma parcela perto dessa", diz Coriolano.

Também com problemas em relação ao desequilíbrio dos preços, oMinistério da Saúde publicou pelo menos três portarias neste ano, criando grupos de trabalho para avaliar o uso das OPME no Sistema Único de Saúde (SUS). "Vemos essa atenção do Ministério com alegria", afirma o porta-voz da Fenasaúde.

Para Coriolano, países como Canadá e Reino Unido poderiam inspirar a saúde brasileira. Os dois países possuem instâncias que analisam custo e efetividade de incorporação de tecnologia médica.

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