Governo diz que Paraná é referência na saúde...

...mas os números mostram o contrário 

via SindSaude

O governo Beto Richa gosta de se vangloriar da situação da saúde pública no Paraná. Mas não é o que os números mostram. Se pegarmos dados do IBGE, é possível ver que o Paraná perde e muito em comparação com a situação em outros estados.

Um dos aspectos refere-se ao número de servidores que trabalham na saúde. No Paraná, são cerca de 10 mil trabalhadores na área, o que dá uma relação de 1,1 mil habitantes/servidor. A relação é bem mais tranquila em São Paulo, onde 90 mil trabalhadores atendem uma população de 43,6 milhões de pessoas, numa proporção de 485 habitantes/servidor. Esta é também a relação no Espírito Santo (480 hab/serv), que emprega 8 mil trabalhadores na saúde para uma população de 3,8 milhões de pessoas. Na Bahia a situação também é mais confortável. São 28 mil trabalhadores para 15 milhões de habitantes, o que corresponde a 537 habitantes/servidor.

Exemplo - No Hospital Regional do Sudoeste, em Francisco Beltrão, nesta última semana ficou evidente a falta de enfermeiros na maternidade, que é considerado um setor de risco do hospital. Há três dias não tem enfermeira responsável nesse setor.

Dias desses, havia 24 internos e nenhum enfermeiro, quando deveria haver pelo menos um por plantão. Só dois técnicos de enfermagem atendiam o setor. Por conta disso, eles eram pressionados pelos médicos para que realizassem funções específicas de enfermeiros. Essa situação, segundo o pessoal que trabalha ali, não é fruto da greve, pois nenhum enfermeiro aderiu ao movimento. É, isto sim, a realidade do local, que simplesmente não tem pessoal suficiente para fazer o trabalho.

Números - Dados do IBGE, em pesquisa de 2009, mostram que o Espírito Santo também tem uma situação bem superior ao Paraná quando se analisa o número de estabelecimentos públicos estaduais de saúde. O estado capixaba tem 31 unidades estaduais para servir a uma população de 3,8 milhões, resultando em 123.850 habitantes/unidade. Já o Paraná, com 46 estabelecimentos estaduais tem uma proporção de 239.075 habitantes/unidade, ou seja, praticamente o dobro.

Pra refrescar - Para ter uma ideia, no dia a dia, os trabalhadores e pacientes se deparam com várias situações inaceitáveis, que vão desde a falta de copos descartáveis e falta de água em alguns setores, obrigando as chefias a tirar dinheiro do bolso para repor estes materiais, até a falta de kits para realização de exames, como toxoplasmose (que é obrigatório para gestantes), HIV e sífilis. Isso acontece no Lacen, o maior laboratório do Paraná. Nos laboratórios dos hospitais do Estado, ainda, faltam reagentes para realização de simples exames como glicose e urina.

Em Londrina, por sua vez, os hospitais estão sem roupas para os pacientes por falta de pagamento das lavanderias contratadas. Em Francisco Beltrão, também por falta de pagamento, a empresa que fazia o controle de radiação do raio-x parou com o serviço.

Outras debilidades da saúde pública

O governo não aplica, há três anos, o percentual de 12% como prevê a lei. Com isso, ele deixa de investir anualmente R$ 375 milhões. Ou seja, a gestão Beto Richa já deve para a saúde mais de R$ 1 bilhão.

O Centro Hospitalar de Reabilitação tem 60% de vagas ociosas. Dos 40 leitos, só 15 funcionam.

No HURCG, em Ponta Grossa, dos 140 leitos apenas 50 funcionam.

O Hospital Regional do Sudoeste, em Francisco Beltrão, inaugurado em 2010, até hoje tem cerca de 40 leitos fechados e enfermarias que jamais foram a abertas.

Em Telêmaco Borba, o hospital - também inaugurado em 2010 - jamais entrou em funcionamento.