via Fundação Perseu Abramo
Segundo estudo publicado na última
edição da revista da Cepal, de Marcela Nogueira Ferrario, que
avalia os efeitos do Programa Bolsa Família (PBF) no Brasil, os
gastos das famílias beneficiárias mostram, a partir da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), um aumento do
consumo dos ditos “bens prioritários”, tais como
alimentos e artigos
escolares.
A autora compara dados sobre escolaridade, renda e
consumo das famílias beneficiárias em relação a
outras famílias com renda per capita a R$ 358 mensais, limite
escolhido pelo fato de que 40% das famílias brasileiras auferem
rendimentos inferiores ou iguais a este valor mensal, e mostra a maior
vulnerabilidade das famílias beneficiárias em
relação ao conjunto.
Os chefes das famílias
beneficiárias dos PBF, segundo o estudo, têm uma média
de 3,93 anos de escolaridade, enquanto a média dos chefes de
família não beneficiários é de 5,31 anos. A
renda média per capita das famílias beneficiárias
é 22,7% menor que a das famílias que não participam do
programa, diferença que aumenta para 24,62% considerando
famílias beneficiárias e não beneficiárias no
Nordeste do país. Já o tamanho médio das
famílias assistidas pelo programa é de 4,84 membros. Em
termos de gastos per capita em alimentos, as famílias
beneficiárias gastam 13,71% a menos que as famílias
não beneficiárias, bem como os gastos em
educação são 36,67% menores para os
beneficiários. Se comparadas portanto a essas famílias com
renda per capita inferior a R$ 358, as famílias não
beneficiárias gastam R$ 266 por mês com alimentos, enquanto as
beneficiárias, R$ 289,32. Quanto a materiais escolares, as
famílias incluídas no programa gastam R$ 7,50 por mês
com esses artigos, enquanto as famílias não incluídas
gastam R$ 5,54 mensais. Se comparados ao grupo controle estipulado pela
autora, as famílias beneficiárias gastam R$ 3,11 mensais a
mais com alimentos per capita que as famílias não
beneficiárias, enquanto os gastos com livros e artigos escolares dos
beneficiários é de R$ 0,23 a mais por mês em
relação aos não
beneficiados.
Se no entanto a pesquisa mostra um aumento dos gastos
com alimentos e artigos escolares, é interessante observar que em
casos de famílias em que homens recebem o benefício, os
gastos com aves, ovos, farinhas e macarrão foram maiores que em
famílias em que mulheres recebem o benefício. Sobre os gastos
em livros e artigos escolares, o estudo observou que as famílias
beneficiárias, especialmente as chefiadas por mulheres, aumentaram
seus gastos nessa categoria e, se comparadas às famílias
beneficiárias chefiadas por homens, os gastos com livros e artigos
escolares foram quase oito vezes maiores nas famílias chefiadas por
mulheres.
A autora propõe que seja realizado um estudo
sobre o valor nutricional dos alimentos consumidos pelas famílias
beneficiárias, mas aponta que os resultados encontrados foram
satisfatórios no que se refere ao alcance dos objetivos
básicos do PBF, quais sejam (de acordo com o Decreto 5.209/2004): i)
promover o acesso à rede de serviços públicos, em
especial, de saúde, educação e assistência
social; ii) combater a fome e promover a segurança alimentar e
nutricional; iii) estimular a emancipação sustentada das
famílias que vivem em situação de pobreza e extrema
pobreza; iv) combater a pobreza; v) promover a intersetorialidade, a
complementaridade e a sinergia das ações sociais do Poder
Público.
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