Era a quinta de um família de onze filhos. A casa dos Paula Soares na Rua Benjamim Constant, no Centro de Curitiba, se caracterizou por manter a porta sempre aberta a todos. E foi no meio dessa grande movimentação de pessoas que desde cedo a Aurinha, como era conhecida, foi demonstrando grande independência e autonomia. Era uma figura despachada, alegre, ativa e agitada. Como disse uma de suas irmãs, uma mulher essencialmente “solar”.
Conforme o filho Sérgio explica, a mãe tinha em seu DNA a personalidade forte, de aço, da família Simões Pires, de Santa Maria (RS), cidade onde Aura nasceu, acrescida da generosidade e do dom de ensinar, proveniente das famílias Obino e Paula Soares, da parte do pai, também do Rio Grande do Sul.
Na infância, a alegria e a independência de Aurinha contrastavam significativamente com a austeridade das irmãs de São José, Congregação Nossa Senhora de Lourdes, Colégio Cajuru. Em 1946 formou-se no Instituto de Educação do Paraná, na turma professora Anete Macedo, tendo como paraninfo o professor Erasmo Pilotto. Na ocasião, a oradora foi a sua grande amiga, que a acompanhou durante toda a sua vida, a professora Cecília Maria Westphalen.
“Ela foi uma jovem adiante do seu tempo”, diz o filho. Aos 20 anos, graduou-se como bacharel em Geografia e História pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Paraná. Como professora de Geografia, lecionou no ensino médio nos colégios Victor do Amaral, Tiradentes, Loureiro Fernandes e Colégio Estadual do Paraná. Mas foi no Colégio Estadual do Paraná, nos seus áureos tempos, que Aurinha se realizou profissionalmente. Sempre ativa, participava intensamente das atividades junto ao coral do colégio e principalmente das famosas feiras municipais de ciências.
Foi casada com o médico pediatra José Lobato da Costa, com quem viveu durante mais de quarenta anos. Viúva desde 1996, encontrou forças para superar a perda convivendo com pessoas, saindo regularmente e frequentando restaurantes, shoppings e cinemas. Fez isso até os 84 anos. Deixa um grande legado. Para quem a observou com atenção, ela viveu intensamente até o último minuto, sem caprichos, lembra Sérgio. Em resumo, nas palavras do poeta W.H. Auden: “Tornou possível, nunca fácil, mas possível, considerar que o mundo mortal nos basta.” Deixa três filhos, oito netos e quatro bisnetos.
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