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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Curitiba adota programa de prevenção às drogas que teve sucesso em países europeus

A Prefeitura de Curitiba lançou nesta quarta-feira (10) o #Tamojunto, um programa que foi aplicado e analisado em seis outros países e conseguiu reduzir em até 30% a entrada de adolescentes no consumo de álcool, tabaco e outras drogas. Na capital paranaense, uma das primeiras do Brasil a adotar a iniciativa, o #Tamojunto é uma ação conduzida em parceria pelas secretarias municipais da Saúde e da Educação.

Uma das principais características do programa está no fato de fugir do modelo meramente expositivo das questões ligadas ao uso dos diversos tipos de droga. Em 12 aulas integradas ao currículo do 6º ao 9º ano do ensino fundamental da rede municipal de ensino, os jovens participam de dinâmicas de grupo, rodas de debate e assumem personagens em minipeças de teatro. Em paralelo a essas atividades em sala de aula, o #Tamojunto promove três oficinas com os pais. Nesses encontros são abordados desafios típicos da adolescência, de relacionamentos e da convivência familiar.

“Há praticamente um consenso entre os especialistas de que a prevenção é o caminho certo quando se trata do uso de álcool e outras drogas. O problema é que pouquíssimas ações de prevenção têm suas taxas de sucesso avaliadas”, disse o coordenador nacional de saúde mental do Ministério da Saúde, Roberto Tykanori, citando o #Tamojunto como exceção a essa regra.

Após um acompanhamento de quase três anos nos seis países europeus em que o programa foi executado, entre eles a Croácia e Romênia, a UNODC, escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, detectou uma diminuição de até 30% no primeiro uso de drogas lícitas ou ilícitas entre os adolescentes expostos às ações do #Tamojunto. “Queremos levar Curitiba como modelo de administração que experimenta o novo também nessa questão”, afirmou Tykanori. Ele diz que a fase experimental do programa em Curitiba, no primeiro semestre deste ano, mostra resultados que servem de modelo.

O prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, conta que a administração municipal decidiu adotar o programa ao enxergar nele uma abordagem inovadora sobre o assunto. “A questão das drogas e da violência é mais uma das grandes batalhas que as administrações municipais têm de enfrentar. Vimos no #Tamojunto uma forma de tratar do assunto que não fosse percebida como chata ou impositiva entre os jovens”, disse o prefeito.

O coordenador do #Tamojunto em Curitiba, Mário Lunardi, ressaltou que o programa trata das drogas tangencialmente e que este é um trunfo do formato. “Nas aulas os adolescentes são preparados para tomar decisões conscientes quando confrontados com diversas situações de risco. Isso é formar cidadãos de verdade.”

Segundo a secretária da Educação, Roberlayne Borges Roballo, o #Tamojunto é um avanço na prevenção ao uso de álcool, tabaco e outras drogas. “Para além do reforço na parceria já estabelecida entre a Saúde e a Educação, o programa apresenta resultados preciosos no sentido de adolescentes que compreendem como se guardarem e guardarem seus amigos”, disse.

“Curitiba é uma cidade que desenvolve conceitos, e o Ministério da Saúde nos instigou a inovar na abordagem também dessa questão. Nossa expectativa é que a experiência seja replicada no resto do país”, afirmou o secretário da Saúde, Adriano Massuda, ressaltando que as ações integradas com a pasta da Educação rendem exemplos como o projeto Saúde na Escola, em que 140 mil crianças da rede municipal de ensino são acompanhadas por profissionais de saúde.

Projeto piloto

Participaram da cerimônia de lançamento do programa #Tamojunto as três unidades da rede municipal que adotaram o projeto durante o primeiro semestre deste ano, quando ainda estava em fase piloto: as escolas municipais Albert Schweitzer, no CIC, Júlia Amaral di Lenna, no Barreirinha, e CAIC Cândido Portinari, também no CIC.

Andreina Campi, estudante do 8º ano, gostou das dinâmicas proporcionadas pelo programa. “Foi muito bom ter essas aulas, influenciou muito na maneira como pensamos o consumo de álcool e drogas. Até meu pai parou de fumar cigarro depois de frequentar as oficinas”, citou.

Victor Rodrigues, colega na escola Júlia Amaral di Lenna, contou que, além de apontar caminhos para evitar o álcool, os encontros foram positivos ao tratar das diversas formas de bullying. “Chegamos à conclusão de que podemos superá-lo encontrando soluções junto com um adulto.”

“Aprendemos a nos comunicar com os nossos filhos. Às vezes eu pensava que estava adotando a maneira correta de falar, mas nem sempre estava certo”, afirmou Valdecir da Silva, pai de uma aluna que participou do #Tamojunto e que esteve presente nas oficinas voltadas para os adultos. “Espero que esse projeto seja como uma árvore, que se espalhe e dê frutos”, completou Ivone Maria da Silva Surckamp, mãe de aluno da escola Júlia Amaral di Lenna.

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