O número de pessoas que esperam na fila para consultas em psiquiatria nas unidades de saúde de Curitiba foi reduzido em 46%, comparando as listas de espera de junho a dezembro do ano passado. A mudança ocorreu com a presença constante de uma equipe de nove psiquiatras que passaram a fazer parte dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf) e atender nas unidades. O impacto tem sido significativo não somente no número de consultas como também na qualificação do cuidado, possibilitando que vários atendimentos ocorram na própria unidade de saúde.
A cozinheira Rosangela de Almeida, atendida na unidade de saúde Cândido Portinari, na Cidade Industrial de Curitiba, conta que começou o tratamento contra depressão há mais de dois anos e que no início chegava a esperar até dois meses pela consulta com o psiquiatra. “Agora posso vir aqui pela manhã e marcar a minha consulta e ser atendida pelo meu médico no mesmo dia, ou na semana seguinte. Além disso, não preciso mais pegar ônibus. A médica está perto da minha casa e a minha família fica muito mais tranquila”, conta.
A psiquiatra Raquel Bertozzi atuava como clínica geral na rede municipal de saúde há sete anos e via de perto a necessidade do especialista. Agora passa um dia em cada uma das cinco unidades que atende. “Com exceção dos casos mais graves, que cuidamos separadamente, todos os outros atendimentos são feitos junto com os médicos das unidades, que conhecem a realidade e o histórico dos pacientes, o que torna o atendimento mais efetivo”, conta Raquel.
Outra vantagem da proximidade do especialista com os médicos das unidades de saúde é que, quando surge alguma dúvida, muitas vezes ela é sanada por telefone, sem precisar que o paciente espere por uma nova consulta. “Além da presença do especialista nas nossas consultas funcionar como uma capacitação, pois acabamos aprendendo muitas coisas, conseguimos dar o melhor encaminhamento para os pacientes que necessitam de cuidados psiquiátricos, conseguimos filtrar melhor a consulta e verificar se mandamos para um Caps, hospital ou se damos continuidade ao atendimento na própria unidade de saúde”, explica a médica de família Neiva Pires, que trabalha há 24 anos na rede.
De acordo com o diretor do Departamento de Saúde Mental da Secretaria Municipal da Saúde, Marcelo Kimati, a intenção é ampliar o número de especialistas nos Nasf e assim aumentar a cobertura. “As unidades que hoje ainda não contam com a presença do psiquiatra recebem coberturas dos especialistas que trabalham nos Caps. Em 2014, zeramos a fila de espera por consultas de algumas unidades, e a intenção é que isso ocorra em todas elas neste ano”.
Equipes
As 39 equipes dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf) eram formadas por fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, farmacêuticos e profissionais de Educação Física. Em junho deste ano, as equipes ganharam reforço de psiquiatras, ginecologistas, pediatras, geriatras, infectologias e fonoaudiólogos que já estão atuando nas unidades de saúde.
“Com essas 39 equipes do Nasf e a entrada de novos profissionais, estamos ampliando a oferta de serviços oferecidos pelos profissionais das unidades de saúde e melhorarando a utilização dos serviços secundários e terciários, como ambulatórios e hospitais”, explica o diretor de Atenção Primária à Saúde da Secretaria, Paulo Poli.
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