Durante a campanha eleitoral ela até apresentou um projeto intitulado "Novo Hipólito" através do qual pretendia recuperar o prédio para que voltasse a servir à população da Lapa como fora o desejo do embaixador.
A idéia não tratava de voltar a funcionar como hospital, pois o prédio antigo não mais está adequado às modernas exigências estruturais. A idéia era transformar este espaço privilegiado em um "espaço da saúde", concentrando ambulatórios, policlínicas, especialidades, espaços culturais de educação em saúde e - no futuro - um centro regional de saúde.
A idéia esbarrou na absoluta falta de interesse do governo do estado em devolver à sociedade da Lapa aquilo que sempre pertenceu aos lapeanos.
O governo do estado não fez NADA. Não cedeu o espaço, não responsabilizou-se pela sua recuperação, e também não forneceu meios que permitissem à prefeitura da Lapa executar o que tinha que ser executado.
Uma lástima.
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Primeira casa de saúde da Lapa nasceu na década de 20 para atender pessoas carentes, mas está inativa e abandonada desde 2004
na Gazeta do Povo
A cidade da Lapa ainda se recuperava dos 26 dias de combate que resultou na morte de aproximadamente 500 pessoas. Haviam se passado 30 anos do Cerco da Lapa, uma das principais batalhas da Revolução Federalista, e aos poucos o município conseguia se restabelecer econômica e socialmente. Foi neste contexto que, em 1924, teve término a construção do primeiro hospital da cidade.
A Fundação Hipólito e Amélia Alves Araújo nasceu com a missão de atender primordialmente aqueles que não tinham condições financeiras de buscar tratamento em outros locais. O início das atividades ocorreu no dia 4 de janeiro de 1925. "A maioria das pessoas que morava na cidade era tratada no hospital", diz o historiador Kallil Assad, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. Idealizado pelo embaixador Hipólito Pacheco Alves de Araújo e pela esposa Amélia, o hospital parou de funcionar em 2004 devido à falta de condições estruturais (leia mais abaixo).
Desde o início das atividades, Hipólito doou o hospital ao município para que as pessoas pudessem ser atendidas gratuitamente. "Esse empreendimento teve uma importância imensa. Não existia hospital até o embaixador construir esse", relata Assad. O historiador Saboya Cortes, no livro Paraná de outros tempos, chega a mencionar que o embaixador também construiu asilos e unidades de saúde em outras localidades, sem especificar onde.
Construção
Neto de David dos Santos Pacheco, o Barão dos Campos Gerais, Hipólito tornou-se um diplomata do governo brasileiro atuando em mais de 10 países, como Noruega, Dinamarca, China e Espanha. Antes de deixar Lapa, sua cidade natal, e seguir para o Rio de Janeiro cursar a faculdade de Direito, ele havia herdado a casa do avô.
Ele resolveu destruir a residência e construiu um solário, com dois andares, para sua moradia. Assad conta que a nova casa ficou por muito tempo sem uso efetivo. "Como virou um diplomata, ele parava mais no Rio de Janeiro e em outros países que na Lapa", conta. Provavelmente ciente das dificuldades que Lapa enfrentava, o embaixador mandou destruir sua antiga moradia no início da década de 20 para a construção do hospital.
Abandono
Se no passado o hospital foi extremamente útil para a sociedade local, hoje o prédio ameaça desabar e está com parte da estrutura interditada pela Defesa Civil. São 90 anos de um prédio situado no centro histórico da Lapa, que é tombado pelo Patrimônio Histórico Estadual e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), com o risco de ruir.
"As pessoas não percebem a importância histórica dessa construção. É um descaso com a memória", afirma Assad. Além disso, no termo de doação do hospital ao município, Hipólito deixou claro que se o espaço fosse desativado, ele deveria retornar à família. Há uma década, o prédio não funciona mais como hospital.
Restauro
Impasse entre prefeitura e governo dificulta reforma
Com grande parte da estrutura interditada, sob risco de o piso ceder, o antigo Hospital Hipólito sofre com danos provocados pela ação do tempo e burocracia. Sem funcionar como hospital desde 2004, segundo a prefeitura da Lapa, há pontos do prédio em que o chão balança com qualquer impacto.
Todas as alas e quartos estão vazios. O uso do espaço só é permitido em alguns pontos – a maioria localizada nos fundos. É lá que funciona uma sala para que os pacientes marquem consultas em outras unidades de pronto atendimento e também a Vigilância Sanitária e Epidemiológica do município. A edificação pertence ao governo estadual desde meados de 2000 e está cedida para ser utilizada pela prefeitura.
No ano passado, a prefeita Leila Klenk chegou a pedir a doação definitiva do espaço, que foi negada pelo Estado. Uma das propostas era a reativação e reestruturação do hospital. Em 2013, foram incluídos no Plano Plurianual (PPA) da prefeitura a reforma e inclusão de um centro de especialidades no local.
Impasse
No início deste mês, a prefeita notificou a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) para que sejam realizados restauro e reparos no antigo hospital. Contudo, o governo do estado, por meio da assessoria de imprensa da Sesa, informa que não irá realizar nenhum reparo no prédio, pois o espaço está cedido ao município e afirma que não há interesse em reativar a casa de saúde. "A prefeitura pode apresentar um projeto de restauro. Como é um espaço cedido é de responsabilidade do Município qualquer obra", informa.
O município alega que apenas a parte de trás do prédio é cedida para a prefeitura, pois a frente já estava interditada pela Defesa Civil. A prefeitura explica que, como a matrícula do imóvel está em nome do Estado, mesmo com a cessão temporária, não é possível obter o financiamento ou recursos de emendas parlamentares pelo fato do imóvel não estar em nome da prefeitura. Enquanto a indefinição política segue, o antigo hospital padece em pleno centro histórico da Lapa.
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