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sexta-feira, 19 de maio de 2017

Procura-se um novo ministro da saúde




O cargo de Ministro da Saúde estará vago em breve.

Esse emprego, muito disputado, é uma indicação direta do presidente da república. Seu ocupante tem a responsabilidade de cuidar do maior orçamento entre todos os outros ministérios.

Em média, a cada 14 meses troca-se de ministro nessa pasta. Por que será que é tão alta a rotatividade no cargo?

Procurei na literatura médica algum estudo para explicar esse fenômeno, sem sucesso. Mais uma jabuticaba brasileira?

Vejamos.

Saúde é um direito de todos e um dever do Estado. Bela frase, mas triste fantasia, pois a saúde que não tem preço tem custo cada dia maior, por ausência de um compromisso de longo prazo. A cada desgoverno, muda-se quase tudo, e, com o aumento do desemprego, mais de um milhão de pessoas ficaram sem cobertura de plano de saúde, sendo obrigadas a recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS).

O despreparo técnico da gestão e a corrupção sistêmica levaram a uma deteriorização do maior sistema público de saúde do mundo. Não foi a qualidade técnica ou falta de compromisso dos profissionais de saúde.

O sistema de saúde brasileiro tem uma base - o SUS - e um sistema de saúde complementar. O SUS atende desde a vacina, pequenos procedimentos, até o transplante de órgãos. Qualquer dicionário define complementar como algo além do básico, e não o contrário, como na recente proposta de se criar um sistema de saúde “barato”. Só pode ser para tratar “princípio de infarto” ou fazer “pseudoscopia com estrufagador de betume”.

Esse absurdo foi complementado pela Dra Ligia Bahia, em recente artigo publicado em O Globo, quando citou algumas declarações do futuro ex-ministro: “a obesidade infantil é motivada pelo fato de as crianças não terem a oportunidade de aprender a descascar alimentos com as mães”; “homens trabalham mais que mulheres e por isso não acham tempo para cuidar da saúde”; “o Aedes aegypti é indisciplinado”; “sistema de saúde para todos é sonho e seus defensores são ideólogos”; e “uma pessoa que tem um plano privado está contribuindo para o financiamento da saúde no Brasil, e como os planos terão menor cobertura, parte do atendimento continuará sendo feito pelo SUS”.

Espera-se que o novo ministro seja uma pessoa humanista e com sensibilidade, inclusive com os números, pois a Suécia, Inglaterra, Suíça e Canadá têm sistemas de saúde públicos muito mais eficientes e menos custosos do que o sistema dos EUA, no qual o foco é voltado principalmente para os aspectos econômicos.

Estou na torcida para que o novo ministro seja do Partido do Paciente, ao qual, algum dia, estaremos afiliados.


*Alfredo Guarischi, médico, cirurgião geral e oncológico, especialista em Fator Humano, Organizador do SAFETYMED e do GERHUS 

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