Governar é passar de pedra a vidraça. Dois anos atrás, o atual prefeito de Curitiba Rafael Greca estava sem mandato e podia dizer o que pensava sobre o que quer que fosse. Sobre a votação do ajuste fiscal de Beto Richa, não poupou críticas. Disse literalmente que se tratava de uma “vergonha” e de uma “iniquidade”.
Agora, como prefeito de Curitiba, Rafael Greca mandou à Câmara um pacote que tem basicamente os mesmos ingredientes: arrocho contra o funcionalismo, reforma previdenciária dura e aumento de tributação. Mesma receita, só que, claro, agora as propostas são “necessárias” e quem está contra elas é ignorante.
Para a votação, a Câmara já está cercada, como aconteceu com a Assembleia em 2015. E conseguiu uma liminar para inpedir presença de sinicalistas no plenário.
Greca comentou o caso nos dois momentos cruciais do processo. Em fevereiro, quando o ajuste fiscal era mais duro, bateu nos deputados que aceitaram entrar na Assembleia de “Camburão”. Disse que aquela seria a moda para o carnaval 2015.
Quando os professores cercaram a Assembleia, num protesto que culminaria com a invasão do plenário, Greca disse que estava ao lado dos manifestantes. Chegaria a lembrar mais tarde que ele próprio, como deputado estadual, em 1988, abriu os portões da Assembleia a professores manifestantes no governo Alvaro Dias. Agora, é a Câmara, durante a gestão dele, que está fechada e cercada.
Em uma postagem nas redes sociais, Greca chegou a dizer que não tinha culpa no ajuste fiscal de Beto Richa porque tinha votado em Roberto Requião para o governo. Na época, os dois eram correligionários de PMDB.
Hoje, Greca questiona os manifestantes que são contra o ajuste fiscal. Diz que pessoas inteligentes não se posicionam contra o pacote, que seria absolutamente necessário. Na época do pacote de Richa, demonstrava simpatia pelos manifestantes que estavam na mesma situação.
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