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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

[Provavel sonegação de leitos de UTI] leva MP a pedir indiciamento de hospital por duplo homicídio no Oeste do PR

na Gazeta do Povo

O Ministério Público em Toledo, no Oeste do Paraná, requisitou à Polícia Civil que instaure inquérito para investigar crime de homicídio contra o Hospital Bom Jesus por causa de duas mortes no domingo. Alencar Rodrigues Chaves, 65 anos, e Oldina Hugen Picker, 76 anos, morreram de parada cardiorrespiratória na fila da UTI.
Os pacientes estavam inscritos na Central de Regulação de Leitos porque o hospital alegava falta de vaga na UTI. Ontem, o MP constatou que no domingo havia três vagas. A decisão de não usar os leitos teria sido da administração do hospital. O MP suspeita que a suposta sonegação de leitos foi motivada por pendências entre o hospital e o governo do Estado.
O MP também abrirá um procedimento de investigação contra o hospital, que, em nota, informou ter mantido o atendimento dos leitos de UTI conforme a demanda.

Comentário: Independentemente de ter ou não recebido pagamento do governo do estado, independentemente de ter ou não os leitos contratados, trata-se de uma questão humanitária.Não se pode deixar um ser humano morrer por falta de recurso que existia e foi negado.Se o empresário quer trabalhar na lógica "mostre seu dinheiro que eu te forneço o leito", ele que deixe o ramo da saúde e monte um hotel.

Contra os Tenharim, a incitação ao ódio e à violência, sob o patrocínio do “arco do desmatamento”

no Combate no Combate Racismo Ambiental

Tania Pacheco – 

Nos últimos dias, a vida do advogado Ricardo Albuquerque tem sido bastante tumultuada. Ontem, por exemplo, ele passou boa parte do dia ajuizando uma Ação Cautelar que felizmente teve excelente acolhida por parte da juíza Marília Gurgel R. de Paiva e Sales, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Paralelamente, buscava também saber a decisão quanto a outra Ação, uma ACP do Ministério Público Federal, que igualmente teria ótimo resultado. Em ambos os casos, os protagonistas estavam bem distantes de Manaus, onde ele vive e atua, e eram os mesmos: os Tenharim. Como temos acompanhado (e uma lista das principais notícias será postada ao final), nos últimos dias esse povo indígena vem sendo alvo de um nível de violência que levou cerca de 140 pessoas, dentre elas crianças e mulheres que estavam sendo tratadas no Polo de Saúde, a buscarem abrigo no 54º BIS, onde estão desde 25/12. Dois dias depois, a Terra Indígena era invadida por mais de 300 pessoas, das quais 60 lá permaneceram acampadas, sendo expulsas somente no final da tarde de ontem, 28.
Assim, uma das preocupações de Ricardo Albuquerque, enquanto advogado do Povo Tenharim, é não só garantir a saída incólume dos abrigados no Batalhão e seu retorno às aldeias da Reserva, mas ter certeza de que, lá, tod@s estarão em segurança. Para isso, ele hoje está numa outra batalha, que é garantir que a União receba a intimação da Justiça e tome providências imediatas, cumprindo as 24 horas do prazo legal. Mas haverá outras, pois, como a Constituição e tratados internacionais subscritos pelo Brasil garantem, os Tenharim têm mais direitos, e um deles é o de não se verem obrigados ao confinamento na Reserva, impedidos de ir à cidade ou frequentar escolas, como chegou a ser defendido num manifesto. Nessa urgência que não respeita feriados ou fins de semana, esta entrevista só foi respondida na madrugada de hoje, quando Ricardo, que é também professor da Universidade Estadual do Amazonas, pode parar. Vamos a ela:

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Reino Unido vai cobrar tratamentos médicos de imigrantes e turistas

Medida faz parte de um plano global para reduzir o ‘turismo de saúde’ e diminuir a carga tributária dos britânicos

no Globo



O primeiro-ministro David Cameron perto de uma casa desocupada pelo Ministério de Imigração
Foto: POOL / REUTERS

O primeiro-ministro David Cameron perto de uma casa desocupada pelo Ministério de ImigraçãoPOOL / REUTERS

LONDRES - O governo britânico anunciou nesta segunda-feira planos para exigir de imigrantes e turistas internacionais o pagamento de tratamentos médicos de emergência. Pacientes admitidos nos hospitais em caso de emergência terão de provar que são cidadãos britânicos para ter acesso gratuito ao sistema de saúde do país - NHS.

Leia mais no El País:

Londres restringe el acceso de los extranjeros a la sanidad pública

El Gobierno cobrará a los no comunitarios que estén de forma legal pero temporal en el país

Los que entren con un visado de menos de seis meses deberán pagar el coste completo de la atención médica


El Departamento de Sanidad británico ha confirmado este lunes su voluntad de restringir el acceso de los extranjeros a la sanidad pública. Los planes están en línea con las intenciones ya proyectadas en octubre y buscan reducir los 500 millones de libras (600 millones de euros) que le cuesta a los contribuyentes el atender a los ciudadanos sin residencia permanente, incluidos los británicos expatriados que vuelven ocasionalmente al país.
De acuerdo con estos planes, los extranjeros comunitarios sin residencia indefinida seguirán accediendo gratis a la sanidad pública pero el Gobierno pondrá en marcha un sistema de identificación que podría obligarles a acarrear la Tarjeta Sanitaria Europea.
Siguiendo el consejo de los expertos, el Gobierno ha renunciado a impedir el acceso de los sin papeles a la red pública de médicos de cabecera y permitirles acceder solo a los servicios de urgencias. Los médicos habían advertido que eso tenía el potencial de propagar enfermedades infecciosas y encarecería la atención a los ilegales al retrasar su atención médica a una fase más grave de sus problemas sanitarios. Podrán también ir a urgencias pero deberán pagar si son hospitalizados o requieren tratamientos posterior.
Lo que sí va a hacer el Gobierno es cobrar a los extranjeros no comunitarios que estén de forma legal pero temporal en el país. Los que entren con un visado de menos de seis meses ­–como los turistas– deberán pagar el coste completo de la atención médica. Los que tengan permisos de residencia más largos pero no permanente o indefinida deberán pagar una tarifa única anual todavía a precisar pero que estaría en torno a los 180 euros al año para los estudiantes y los 240 euros para el resto.
De todas estas restricciones no estarán exentos ni los niños ni las mujeres que vayan a dar a luz, para evitar así que ese privilegio acabe convirtiéndose en un foco de atracción de lo que el Gobierno ha venido en llamar “turismo de ayudas sociales”, un mito que nunca ha conseguido probar con cifras creíbles.
En realidad, todo esto forma parte de la histeria anti-inmigración en la que vive Reino Unido y que es producto de una combinación de preocupación genuina de una parte de la población empobrecida con la crisis, la fobia antieuropea de una gran parte de los medios británicos y la permanente propaganda contra Europa y contra los inmigrantes que realiza el Partido Conservador desde dentro y desde fuera del Gobierno por razones de conveniencia electoral.
En ese apartado propagandístico se enmarca la carta de 90 diputados conservadores pidiéndole al primer ministro que apruebe legislación de urgencia para prohibir por razones de emergencia nacional el derecho de búlgaros y rumanos a acceder al mercado laboral británico desde el 1 de enero. Downing Street ha rechazado esa petición.

Final de ano, a paz a concórdia e a fraternidade inebriam as almas parvas...

...desde, é claro, que você não seja membro do nazi-facismo ruralista que infesta o país.
Barco que servia para levar suprimentos aos indios incediado por agrofascistas





Comentário: Denunciei a página por considerar que a mesma estaria incitando a violência contra os índios.

A resposta do Facebook:


"Agradecemos o tempo dedicado em denunciar algo que você acredita violar nossos Padrões da comunidade. Denúncias como a sua são uma parte importante do processo para tornar o Facebook um local seguro e acolhedor. Analisamos a página denunciada por você por conter ameaça clara de violência e descobrimos que ela não viola nosso Padrões de comunidade."



Setor de saúde suplementar deve fechar o ano com 50 milhões de beneficiários

Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil


Rio de Janeiro – O ano de 2013 foi “muito positivo” para o setor de saúde suplementar e deve registrar um crescimento de 4% nos planos de assistência médico-hospitalar, segundo o presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), André Longo. “Nós vamos chegar ao final do ano com 50 milhões de beneficiários de planos de assistência médica.” A expectativa é que também seja registrada uma expansão superior a 7% nos planos odontológicos, que em novembro já haviam superado os 20 milhões de beneficiários.
Longo ressaltou que 2013 foi um ano de fortalecimento do papel da ANS. “Houve um crescimento na procura da agência, tanto para buscar informações, como para fazer reclamações. A agência hoje já é a principal referência para o consumidor de plano de saúde.” Em 2012, a ANS registrou quase três vezes mais reclamações que os Procons, explicou. De acordo com dados do Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec), foram feitas 27 mil reclamações referentes a planos de saúde nos Procons, enquanto a agência contabilizou 78 mil.

O índice de solução de conflitos sobre as  negativas de cobertura atingiu 82,6% entre janeiro e outubro deste ano – de cada cinco reclamações, quatro foram resolvidas. “Isso é, para nós, fruto do monitoramento da garantia do atendimento, no sentido de induzir a uma mudança de comportamento das operadoras para que elas efetivamente passem a atender aquilo que o consumidor contratou.”

Segundo Longo, isso garante um protagonismo para o consumidor. “A agência adota uma medida cautelar a cada três meses para os produtos que estão com mais reclamações procedentes. Isso protege os beneficiários e indica que as operadoras precisam melhorar o atendimento para voltar a comercializar os produtos.” Ele lembrou que atualmente 150 planos de 41 operadoras estão suspensos – são 4,1 milhões de consumidores, o que equivale a 8% dos 50 milhões que têm planos de assistência médica privada.

O programa de monitoramento da garantia de atendimento aos clientes de planos de saúde ganhou velocidade em 2013. Longo explicou que até o ano passado a ANS examinava somente os prazos máximos de atendimento e, este ano, o programa foi ampliado para todas as negativas de cobertura de procedimentos assistenciais.

Em paralelo, foram criadas regras para que o consumidor seja melhor informado. Entre elas, citou a obrigatoriedade de a operadora informar por escrito em até 48 horas, em linguagem clara e acessível para o consumidor, o motivo da negativa de cobertura. “Obrigamos as maiores operadoras, com mais de 100 mil beneficiários, a criarem ouvidorias.” De acordo com Longo, 98 operadoras nessa condição implantaram ouvidorias ao longo deste ano.
Ele percebeu ainda uma maior atenção das operadoras para o cumprimento das regras da agência durante 2013. “Isso tende a garantir mais acesso, mais qualidade assistencial para os consumidores”. Nesse item, salientou a importância da revisão do rol de procedimentos, concluída em 2013 e que passará a vigorar no próximo dia 2 de janeiro. Foram incorporados 87 novos procedimentos, com destaque para os medicamentos orais para tratamento de câncer, que podem ser utilizados em casa, pelo beneficiário. “As operadoras vão ter a obrigação de entregar isso ou de reembolsar o beneficiário pela compra.”
André Longo reconheceu que o setor é complexo e ainda existem insatisfações e reclamações. “A agência tem se esmerado para melhorar os mecanismos de gestão, para dar mais protagonismo ao consumidor e interagir cada vez mais com as operadoras para entregar um serviço de mais qualidade, garantindo tudo aquilo que foi contratado pelo consumidor.”

Mais importante do que multar as operadoras pelo descumprimento de regras contratuais, destacou que é preciso resolver o problema. Para o presidente da ANS, o programa de monitoramento da garantia de atendimento e a medida cautelar de proteção do consumidor têm induzido uma mudança no comportamento das operadoras. “Muito mais pedagógico do que as multas, que têm efeito regulatório e econômico”. Ele garantiu, no entanto, que a ANS “não vai deixar de multar nunca”. A intenção, acrescentou, é ampliar a proteção do consumidor.

[Calote nos fornecedores, mas para os "da casa"...] Cargos de indicação política do PR ganham aumento de até 128%

Na véspera do feriado, governo do estado concedeu reajuste de pelo menos 63% aos comissionados. Impacto será de R$ 7 milhões mensais


na Gazeta do Povo

Pela segunda vez em quatro meses, os salários dos servidores com cargos em comissão do governo do Paraná vão ser reajustados. Em julho, os comissionados receberam o mesmo porcentual concedido ao funcionalismo: 6,5%. Na terça-feira passada, véspera de feriado, foi publicado no Diário Oficial o Decreto n.º 2.970/11 com um novo aumento, desta vez bem mais expressivo. Os reajustes variam de 63% a 128% e beneficiam cerca de 4 mil pessoas que têm cargo de comissão, de indicação política, na gestão de Beto Richa (PSDB). O impacto na folha de pagamento será cerca de R$ 7 milhões a mais na folha de pagamento referente a outubro.
Servidores públicos concursados que tomaram conhecimento do decreto escreveram à Gazeta do Povo e disseram estar indignados. O governo estadual tem reiterado que não pode conceder aumento expressivo a determinadas categorias, como os policiais militares, por causa do inchaço da folha de pagamento. O dado mais recente, referente a agosto, mostra que o pagamento de pessoal consumiu R$ 8,5 bilhões nos 12 meses anteriores. O limite prudencial, estipulado pela Lei de Responsa­­­bilidade Fiscal (LRF), é de R$ 8,6 bilhões.
Justificativa do governo
“É recomposição da inflação, com impacto mínimo”
O secretário estadual da Casa Civil, Durval Amaral, explicou que o impacto do aumento salarial dos comissionados sobre o caixa esta­dual será “mínimo”. Ele disse ainda que os porcentuais elevados do reajuste se referem à reposição da inflação nos últimos anos.
“É a recomposição pura e simples do IPCA”, disse Durval, em referência ao índice de inflação oficial calculado pelo IBGE. Segundo o secretário, entre 1998 e 2011, o IPCA acumulado foi de 134,68%. “Nesse período, o Poder Executivo fez apenas duas recomposições aos comissionados. Pegamos esse índice, deduzimos o que foi dado anteriormente e concedemos agora a recomposição”, explicou. Ele disse que, por se tratar apenas de reposição inflacionária, o governo optou por baixar um decreto.
Segundo Durval, a falta de recomposição salarial criou um “abismo” entre a remuneração do Executivo em relação a outros poderes. Com o reajuste, os salários ficarão mais próximos. Ele deu como exemplo a diferença em um cargo de chefia (DAS-1). O Judiciário Estadual paga R$ 9,8 mil; o Ministério Público, R$ 9,4 mil; e o Executivo, R$ 8,5 mil, considerando o salário total, já com o reajuste.
“Um chefe de núcleo do IAP [Instituto Ambiental do Paraná], por exemplo, recebia R$ 1.650, mas com uma responsabilidade muito grande, de fazer licenciamento ambiental. Era um valor totalmente irreal, precisava de recomposição.” Segundo Durval, havia dificuldade para manter pessoal nos cargos de confiança em função da baixa remuneração. O secretário acrescentou que não é possível comparar o reajuste dos comissionados com o dos servidores de carreira, que receberam aumentos salariais nos últimos anos.
Maioria
De acordo com o governo, o reajuste dos comissionados causará um impacto muito pequeno na folha de pagamento. De acordo com informações do Portal da Transparência do Executivo paranaense, há atualmente 3.943 pessoas em cargos de comissão, que não exigem concurso público. Esse é o maior número dos últimos anos – entre 2008 e 2010, o contingente variou de 3.640 a 3.941.
Não há dados atualizados da folha de pagamento, mas as informações de julho mostram que o Poder Executivo gastou R$ 9 milhões com o pagamento de comissionados. Do total de cargos em comissão, apenas 35% eram ocupados por servidores do quadro próprio do funcionalismo (servidores concursados indicados para funções políticas e de chefia). A maioria – 65% – era formada por pessoas sem vínculo algum com a administração.
Considerando um reajuste médio de 78,9%, o custo com os comissionados aumentará aproximadamente R$ 7 milhões e totalizará pelo menos R$ 16 milhões – como o valor foi estimado com base em dados desatualizados, pode sofrer alterações.
Entre os reajustes mais altos estão o de assessores enquadrados na simbologia 1-C (dentre os quais o de inspetor estadual de educação), com uma alta de 128%. As remunerações pela função comissionada dos assessores, por exemplo, passará de R$ 1,3 mil para R$ 3,1 mil (sem vínculo) e de R$ 1,2 mil para R$ 2,7 mil (com vínculo). Esse não é o valor bruto, pois pode haver outras gratificações e a própria remuneração básica do pessoal do quadro próprio.
Oposição
Deputados estaduais do PT questionaram a forma e o conteúdo do decreto publicado pelo governador Beto Richa. “É correto e legítimo que os comissionados recebam reajuste. Mas não concordo com a forma como isso foi feito, por meio de decreto, sem discussão. O debate é nulo”, criticou Tadeu Veneri. Ele disse ainda que alguns temas só vêm à tona quando surgem questionamentos. “Fica a impressão que alguns recebem privilégios em detrimento dos demais servidores.”
Para o líder da oposição na Assembleia, o petista Enio Verri, o principal problema do reajuste é a “contradição” do Executivo. “Se o choque de gestão que quer se implantar implica redução de custeio, era preciso enxugar o quadro de comissionados. Como é muita gente, o reajuste não deveria ser tão alto, acima dos 90%. Não foi feito nem uma coisa nem outra”, disse. Verri – que entre 2007 e 2010 foi secretário de Planeja­­­mento do ex-governador Roberto Requião (PMDB) –, diz que a gestão anterior priorizou outros gastos. “Foi priorizado os reajustes dos servidores de carreira e outros gastos sociais, por isso os comissionados não tiveram reajustes. Mesmo assim, nunca tivemos problema com falta de pessoal.”

Ganância, medicina e governo: que rumos tomar?

no Blog do Ricardo Guerra no Estadão

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O Dr. Steven Nissen é chefe do Departamento de Medicina Cardiovascular daCleveland Clinic em Ohio, nos Estados Unidos. O cardiologista já contribuiu para mais de 350 artigos em publicações científicas e em cerca de 60 capítulos em diversos livros. Há alguns anos, a revista Time o classificou como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. Ele é uma autoridade reconhecida mundialmente na área da cardiologia e da medicina em geral e teve papel fundamental alertando a comunidade científica para os riscos e os efeitos colaterais de certos medicamentos como, por exemplo, o Vioxx e a Avandia. A seguir, o Dr. Nissen fala sobre os abusos que ocorrem dentro da cardiologia, oferece dicas de como o paciente pode se proteger e aponta qual é o papel do governo num sistema de saúde.
Pergunta Blog: Você acredita que a saúde é um direito universal? O governo deveria ser obrigado por lei a oferecer um serviço de saúde para toda a sua população?
Steven Nissen: Claro que sim. Eu pessoalmente acredito e defendo essa ideia de modo voraz. Se acreditarmos que a função do governo é a de ajudar as pessoas, então não há nada mais importante do que manter a população saudável. Logo, acredito que é uma questão de direitos humanos o cidadão ter acesso a um sistema de saúde decente.
Pergunta Blog: A Cleveland Clinic é um exemplo mundialmente reconhecido de um hospital bem sucedido e de um modelo eficiente na prestação de atendimento dentro da área da saúde e da medicina. Quais as razões que levaram esse modelo a ser tão bem-sucedido?
Steven Nissen: Eu acho que uma das razões está relacionada com o que estávamos falando. Nos Estados Unidos, o atendimento médico é executado na maioria das vezes com um sistema de preços que está vinculado ao número de procedimentos ou tratamentos que são prestados, o que significa que os médicos cobram pelos tratamentos específicos fornecidos aos pacientes. Portanto, o salário dos médicos depende da quantidade de serviços ou de tratamentos que eles prestam, o que, na verdade, leva a procedimentos que podem ser considerados desnecessários. Por outro lado, naCleveland Clinic, todos os médicos recebem uma remuneração tabelada. Recebemos o mesmo salário independente do fato de submetermos um paciente a uma quantidade maior ou menor de procedimentos. O volume de tratamentos ou técnicas ao qual um paciente é submetido não altera os ordenados dos médicos, o que induz o profissional da área médica a tomar decisões que são do interesse dos pacientes e não necessariamente que deem maior lucro para o médico. Eu acho que essa filosofia de remuneração é mais justa e com resultados melhores aos pacientes.
Pergunta Blog: Hoje em dia, existe algum abuso envolvendo procedimentos e tratamentos médicos no campo da cardiologia?
Steven NissenTem havido uma série de críticas envolvendo as situações nas quais os implantes dosstents coronários são administrados. Agora vamos ser claros: tais dispositivos são um importante avanço da medicina, mas há questões que merecem atenção, como, por exemplo, quando o procedimento é realmente necessário. Certamente em um paciente que está tendo um ataque cardíaco, o implante do stent pode salvar uma vida, mas, para muitas pessoas que sofrem de angina crônica, o implante do dispositivo não é o melhor tratamento. Muitos pacientes inicialmente respondem bem ao tratamento apenas com medicamentos. Além disso, há preocupações significativas quanto a um sistema de saúde cujo retorno financeiro seja baseado no número de serviços ou procedimentos prestados, fazendo com que os stents sejam colocados em pacientes que não precisam deles. De fato, houve alguns casos que receberam muita atenção nos Estados Unidos envolvendo o Departamento de Justiça, nos quais médicos foram acusados de submeterem pacientes desnecessariamente a tais implantes. Assim sendo, o exame crítico de cada caso é necessário e apropriado.
Pergunta Blog: Quais precauções os pacientes poderiam tomar para se protegerem de alguns desses abusos?
Steven Nissen: Quando possível, eu penso que é sempre uma ideia muito boa que o paciente busque uma segunda opinião. Eu acho muito importante que ele sempre procure se informar e fazer as perguntas certas diante de seu médico. Digo aos diversos pacientes que se eles pedirem aos seus médicos para recomendarem alguém que possa dar-lhes uma segunda opinião e se estes mostrarem algum tipo de resistência diante disso, então sugiro que eles procurem outro profissional. Na verdade, os bons médicos, os grandes médicos, não se importam que as pessoas obtenham uma segunda opinião. Pelo contrário, eles até encorajam tal atitude.
Pergunta Blog: Existem fontes de informação ou sites que defendem os interesses dos consumidores e dos pacientes, os quais eles possam consultar e obter informações de forma objetiva e imparcial sobre questões relacionadas à medicina?
Steven Nissen: As opções são relativamente limitadas. Não há de fato grandes sites disponíveis. Nós obviamente temos uma página na Cleveland Clinic e acreditamos que seja uma opção muito boa e equilibrada. No entanto, no presente momento, não posso indicar especificamente um site onde se possa obter informações confiáveis a todo o tempo.
Pergunta Blog: Há alguns anos, você foi contra interesses financeiros influentes e foi incessantemente atacado por elementos poderosos dentro da área médica quando você alertou a mídia e o público para os riscos e efeitos colaterais de certos medicamentos (o Vioxx e a Avandia). Você poderia compartilhar com os nossos leitores sua experiência decorrente destes incidentes? Quais foram algumas das lições que você aprendeu?
Steven Nissen: Eu acredito que a lição mais importante nessa história é que se você optar por questionar a segurança de medicamentos fabricados por gigantes da área médica, você de fato precisa estar preparado para engolir muito sapo. As companhias podem criar grandes dificuldades para aqueles que tomem a iniciativa de falar sobre questões éticas como estas. No entanto, se você realmente acredita que o objetivo da medicina é ajudar os pacientes, então você fica disposto a encarar qualquer tipo de críticas, por mais injustas que elas sejam. No final das contas, uma coisa boa da ciência é que a verdade sempre vem à tona.
Pergunta Blog: Em alguma ocasião, você ou algum parente ou amigo seu foram vítimas de ameaças emocionais ou físicas em decorrência da posição que você tomou nestes incidentes?
Steven Nissen: Isso já aconteceu algumas vezes, mas eu tomei as medidas necessárias para me precaver. No entanto, isso não acontece com muita frequência. De fato, um método mais frequente de retaliação é espalhar boatos destinados a minar a credibilidade das pessoas que criticam o sistema. Porém, eu gostaria de esclarecer algo… Há muitas pessoas dentro da indústria que têm os mesmos padrões éticos que eu e que são boas e que têm boas intenções. Existem, entretanto, algumas pessoas que não são boas, mas é importante reconhecer que apenas uma minoria está envolvida nestes tipos de abusos considerados graves. Temos que avisar quando a indústria faz a coisa certa, e também quando ela faz a coisa errada.
Pergunta Blog: Muitas organizações profissionais que representam médicos em diferentes áreas da medicina têm sido criticadas por seus vínculos com diferentes fabricantes de medicamentos e dispositivos. Em sua opinião, qual é a extensão deste problema no campo da cardiologia?
Steven Nissen: Eu acho que é um problema muito sério que as sociedades médicas estejam cada vez mais dependentes do apoio financeiro destas indústrias. Tal dependência pode, consequentemente, comprometer a objetividade das sociedades profissionais. Há alguns anos, nós escrevemos um manuscrito na publicação científica do Journal of the American Medical Association recomendando a redução da dependência financeira que as indústrias de medicamentos e dispositivos exercem sobre as sociedades profissionais. No entanto, desde a época em que escrevemos esse artigo, nada mudou, e de fato o apoio financeiro destas indústrias só tem aumentado.
Pergunta Blog: Em sua opinião, qual país tem um sistema de saúde ideal? Qual país possui um sistema que sirva de modelo unindo todos os atributos que você considera importante?
Steven Nissen: Eu acho que existem vários deles. Certamente o Canadá é muito bom. Em muitos países europeus, as pessoas têm garantias de pelo menos um nível adequado de atendimento médico muito bom. Os países escandinavos, em particular, se destacam como bons exemplos, pois eles possuem taxas de mortalidade mais baixas e melhores resultados do que os Estados Unidos. Com relação aos Estados Unidos, muitas minorias raciais e pessoas com disponibilidade menor de renda morrem precocemente com maior frequencia, simplesmente porque não têm acesso a um sistema de saúde adequado. Isso não acontece nos países escandinavos.
Pergunta Blog: Resumindo, qual é o problema do sistema de saúde norte-americano?
Steven NissenO sistema de saúde dos EUA tem focalizado ou objetivado demasiadamente o lucro em vez dos interesses dos pacientes. Eu acho que não devemos esquecer o conceito básico de que, em primeiro lugar, o mais importante dentro de um sistema de saúde são os pacientes e seus interesses devem ser colocados acima de qualquer outra coisa. Os cuidados com a saúde não devem recair sobre os lucros. Prestar atendimento médico às pessoas não deveria ter como objetivo o lucro, mas sim o simples propósito de fazer as pessoas mais saudáveis.

Refrescando a memória...



Beto Mafra: NOSSOS PROPAGANDISTAS DA CRISE OLHAM GRÁFICOS AO CONTRÁRIO!



domingo, 29 de dezembro de 2013

Olha só a fonte onde bebem os "çábios" formuladores da política econômica tucana

Especuladores recompensam quem os defenda no meio acadêmico

Uma reportagem do New York Times revela o financiamento de Wall Street a professores universitários que nos últimos anos assumiram sua defesa.

na Carta Maior

O jornal norte-americano teve acesso às ligações financeiras que unem alguns dos maiores especuladores de Wall Street ao professor de finanças da Universidade de Houston, Craig Pirrong. O professor interveio diversas vezes desde 2006 em cartas às autoridades reguladoras federais e até depôs na Câmara dos Representantes dos EUA, invocando a sua autoridade acadêmica para provar a ausência de responsabilidade dos especuladores nos picos registados nos preços do petróleo e outras matérias-primas e produtos alimentares, numa altura em que a regulação discutia impor mais restrições às operações dos bancos nesta área, na sequência da crise financeira.

Afinal, o professor Pirrong, cujos trabalhos eram citados nas ações judiciais interpostas por institiuções financeiras para bloquear as restrições à especulação financeira, era ao mesmo tempo pago como consultor para uma das principais partes do processo, a Associação Internacional de Swaps e Derivados. Segundo o New York Times, embora Pirrong se apresentasse apenas como professor universitário, nos últimos anos foi pago pela bolsa de Chicago, o Royal Bank of Scotland e uma série de empresas que especulam nos mercados da energia.

Questionado sobre a origem dos seus ganhos fora do meio acadêmico, Pirrong terá respondido apenas que “isso é entre mim e o fisco”. Mas ele não é caso único. O mesmo jornal aponta o professor da Universidade do Illinois Scott Irwin, um dos acadêmicos mais citados em favor dos benefícios da especulação para a formação de preços nos mercados agrícolas, que é ao mesmo tempo consultor de uma das empresas que trabalha com bancos de investimento e fundos especulativos no mercado de matérias-primas. A sua universidade também recebe doações generosas quer da bolsa de Chicago quer de outros fundos que intervêm no mercado especulativo, que pagam bolsas de estudo, conferências e até a construção de um laboratório em tudo semelhante às salas de mercado bolsista.

Quando em 2008 o preço da gasolina subiu acima dos 4 dólares por galão nos EUA, o Congresso norte-americano ameaçou com a introdução de limites à especulação nos mercados do petróleo. “É uma caça às bruxas”, indignou-se Craig Pirrong em múltiplos artigos, incluindo no Wall Street Journal, desdobrando-se em conferências e ocupando lugares em comissões de aconselhamento na matéria.
Por seu lado, os ensaios e opiniões de Scott Irwing foram promovidos para aparecerem em publicações influentes pelo próprio departamento de relações públicas da bolsa de Chicago, sendo frequente encontrar vídeos e entrevistas com este professor no site da Chicago Mercantile Exchange.

Mas o dinheiro dos especuladores não corre apenas diretamente para o bolso destes professores universitários. Para aumentar a sua notoriedade, também financiam revistas e sites na internet que promovem as figuras do meio acadêmico mais favoráveis aos seus interesses. Ambos os envolvidos negam que o seu trabalho seja influenciado pelo dinheiro que recebem dos especuladores, mas o tema ressurge no debate público numa altura em que os reguladores discutem novos limites à especulação, por verificarem que ela pode contribuir não apenas para prejudicar os consumidores, mas também para provocar a escassez de comida, como se viu na crise alimentar do final da última década.

Croácia multa 300 médicos e farmacêuticos em enorme caso de suborno

Reuters (reproduzido no Estadão)


Cerca de 300 médicos e farmacêuticos estão entre os 364 suspeitos que foram multados na Croácia por oferecer e aceitar subornos em troca de receitar certos remédios.

Os principais acusados ??no caso são os gestores de uma empresa farmacêutica local, que são acusados ??de planejar o esquema, disseram promotores estaduais em seu site no sábado.

Eles não nomearam a empresa, em linha com as práticas legais na Croácia, que se juntou à União Europeia em julho, após elevar seu combate contra a corrupção.

Os gestores são acusados de criar uma rede de médicos e farmacêuticos e oferecê-los dinheiro, presentes valiosos e viagens pagas com o objetivo de elevar as vendas de seus remédios, disseram os promotores.

O caso envolve o maior número de indiciados desde a independência da Croácia em 1991.

(Por Zoran Radosavljevic)

#MaisMédicos: AGU assegura validade de acordo com a OPAS

O governo federal obteve decisão favorável em ação ajuizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que questionava a validade do termo de cooperação firmado entre o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Com essa decisão, o Ministério da Saúde e a Advocacia-Geral da União (AGU) impediram a suspensão do acordo, assegurando a participação dos profissionais cubanos no programa Mais Médicos.
A 2ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal acatou as justificativas apresentadas pelo Ministério e AGU e considerou que seria inadequado vetar o convênio executado com a OPAS, que viabilizou a vinda dos médicos cubanos. Na ação civil pública, o CFM indicava que a assinatura da cooperação estaria “estimulando a contratação de pessoas para o exercício da medicina sem a devida inscrição no Conselho de Fiscalização profissional” e “admitindo a precarização das relações de trabalho”.
O Ministério da Saúde e a AGU sustentaram que a conduta da entidade tem a intenção de anular a Lei nº 12.871/2013, que instituiu o programa Mais Médicos. De acordo com a Procuradoria Regional da União da 1ª Região, órgão da AGU, a ação movida pelo CFM se refere apenas à legalidade do programa, sem relação com a cooperação técnica com a OPAS. Ao apresentar suas informações sobre o caso, o Ministério e a AGU defenderam a parceria estabelecida com o objetivo de trazer médicos cubanos para atuar no programa Mais Médicos. A colaboração se constitui no desdobramento de uma ampla cooperação técnica com o objetivo de ampliar o acesso da população brasileira à atenção básica na rede pública de saúde.
O Termo de Cooperação Técnica, assinado em abril deste ano, estabelecia iniciativas para promover a qualificação e a valorização dos profissionais da atenção básica através da capacitação técnica, em localidades prioritárias do Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse âmbito, foi desenvolvido o acordo específico, que possibilitou o intercâmbio com o grupo de médicos cubanos.
Segundo o Ministério e a AGU, ao contrário do que foi apontado pelo CFM, o programa não cria relação trabalhista ou vínculo empregatício de qualquer natureza com os participantes. Para o Ministério da Saúde e a AGU, o programa cumpre todas as regras legais em relação à atuação dos profissionais, baseado na integração ensino e serviço. Todos os médicos têm tutoria e avaliação durante todo o período de atuação, quando também realizam um curso de especialização em saúde da família.
Em relação ao questionamento sobre o Revalida, o Governo Federal argumentou que o modelo adotado está claramente definido na lei do programa como forma de garantir o atendimento exclusivo na atenção básica, em local específico e por um período determinado. Reforçou-se, ainda, que durante todo o período da estada no país, o médico estrangeiro tem sua atuação supervisionada por instituições de ensino.
Além desta decisão, o governo federal já obteve outras deliberações favoráveis na Justiça sobre o Mais Médicos. Foram obtidos pareceres favoráveis ao programa em ações judiciais em quase todos os estados do País, onde foram rebatidas as alegações dos sindicatos de médicos locais, conselhos regionais de medicina e entidades de classe nacionais que pretendiam suspender o programa.
O PROGRAMA – Lançado em 8 de julho pelo Governo Federal, o Mais Médicos faz parte de um amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do SUS, com o objetivo de ampliar a capacitação dos profissionais médicos na área de Atenção Básica em Saúde, o número de médicos nas regiões carentes do país e acelerar os investimentos em infraestrutura nos hospitais e unidades de saúde.
O programa encerra o ano de 2013 com 6.658 profissionais atuando em 2.177 municípios e em 28 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI). A meta do Ministério da Saúde é chegar, até março de 2014, a 13 mil médicos, atingindo, assim, mais de 45 milhões de brasileiros.
Além da participação de profissionais brasileiros e estrangeiros, selecionados nos editais de inscrição individual, o programa conta também com a presença de médicos selecionados por meio de acordos de cooperação internacional, como no caso dos médicos cubanos que vieram ao Brasil por meio de convênio intermediado entre OPAS e o governo de Cuba.
Os médicos recebem uma bolsa-formação mensal de R$ 10 mil do Ministério da Saúde, enquanto o município custeia a moradia e a alimentação. Os profissionais são acompanhados por tutores e supervisores e, ao final, recebem título de especialista em Atenção Básica. Os médicos estrangeiros realizam ações de capacitação no país com registro profissional emitido pelo Ministério da Saúde, que permite atividades de ensino e pesquisa e a atuação exclusiva na Atenção Básica em Saúde apenas nas cidades onde forem alocados.

Programa de [seguro] saúde dos EUA atinge 1,1 mi de inscrições (*)

AE - Agência Estado


De acordo com o The Wall Street Journal, o governo do presidente Barack Obama informou que 1,1 milhão de pessoas aderiram ao programa de seguro de saúde, promovido por sistema federal online.

Em comunicado, a administradora para centros de serviços médicos, Marilyn Tavenner, disse que os números refletem uma demanda de última hora. Marilyn também destacou que as inscrições em dezembro foram sete vezes superiores ao apurado em outubro e novembro, já que o sistema online apresentou problemas, o que dificultou o acesso.

A administração Obama admitiu os erros, mas ressaltou que o site suportou 83 mil usuários somente no dia 23 de dezembro. Fonte: Dow Jones Newswire.

(*) Sim, é isso mesmo. O cara que quiser, vai ter que se inscrever para um SEGURO SAÚDE subsidiado pelo governo.

...e tem gente revoltada com o aumento do IOF para compras no exterior...




Via Claudia Costin @ClaudiaCostin

@afpfr: PHOTO - Au Brésil, un petit garçon pêche dans une rue inondée de Vila Velha par @YasuyoshiChiba

Agricultura Camponesa: Botando pingos nos "is"


via MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra

O discurso de que o agronegócio é o modelo responsável por alimentar o país e empregar a força de trabalho camponesa cai por terra quando se olha os dados do meio rural brasileiro. 


Segundo o censo rural do IBGE, a maior parte da produção para alimentação do povo brasileiro (70%) e emprego dos trabalhadores está na agricultura familiar, mesmo esta tendo menos crédito e poucas terras.

O agronegócio, por sua vez, concentra terras, recebe mais créditos e produz apenas 30% do que é consumido pela população. O resto da produção, em sua maioria commodities, é exportado.

sábado, 28 de dezembro de 2013

Sobre o "Capitalismo" (sem risco) dos #coxinhas tupiniquins

Rivaldo Moraes @rivaldomoraes via Twitter

Se ensinar um coxinha apartidário a pescar ele só vai querer pescar no pesque e pague.


imagem do site http://teodorinho.blogspot.com.br/


Antonio Cândido indica 10 livros para conhecer o Brasil

Por Antonio Candido*, no blog da Boitempo reproduzido na Revista Forum

Quando nos pedem para indicar um número muito limitado de livros importantes para conhecer o Brasil, oscilamos entre dois extremos possíveis: de um lado, tentar uma lista dos melhores, os que no consenso geral se situam acima dos demais; de outro lado, indicar os que nos agradam e, por isso, dependem sobretudo do nosso arbítrio e das nossas limitações. Ficarei mais perto da segunda hipótese.
Como sabemos, o efeito de um livro sobre nós, mesmo no que se refere à simples informação, depende de muita coisa além do valor que ele possa ter. Depende do momento da vida em que o lemos, do grau do nosso conhecimento, da finalidade que temos pela frente. Para quem pouco leu e pouco sabe, um compêndio de ginásio pode ser a fonte reveladora. Para quem sabe muito, um livro importante não passa de chuva no molhado. Além disso, há as afinidades profundas, que nos fazem afinar com certo autor (e portanto aproveitá-lo ao máximo) e não com outro, independente da valia de ambos.
Por isso, é sempre complicado propor listas reduzidas de leituras fundamentais. Na elaboração da que vou sugerir (a pedido) adotei um critério simples: já que é impossível enumerar todos os livros importantes no caso, e já que as avaliações variam muito, indicarei alguns que abordam pontos a meu ver fundamentais, segundo o meu limitado ângulo de visão. Imagino que esses pontos fundamentais correspondem à curiosidade de um jovem que pretende adquirir boa informação a fim de poder fazer reflexões pertinentes, mas sabendo que se trata de amostra e que, portanto, muita coisa boa fica de fora.
São fundamentais tópicos como os seguintes: os europeus que fundaram o Brasil; os povos que encontraram aqui; os escravos importados sobre os quais recaiu o peso maior do trabalho; o tipo de sociedade que se organizou nos séculos de formação; a natureza da independência que nos separou da metrópole; o funcionamento do regime estabelecido pela independência; o isolamento de muitas populações, geralmente mestiças; o funcionamento da oligarquia republicana; a natureza da burguesia que domina o país. É claro que estes tópicos não esgotam a matéria, e basta enunciar um deles para ver surgirem ao seu lado muitos outros. Mas penso que, tomados no conjunto, servem para dar uma ideia básica.
Entre parênteses: desobedeço o limite de dez obras que me foi proposto para incluir de contrabando mais uma, porque acho indispensável uma introdução geral, que não se concentre em nenhum dos tópicos enumerados acima, mas abranja em síntese todos eles, ou quase. E como introdução geral não vejo nenhum melhor do que O povo brasileiro (1995), de Darcy Ribeiro, livro trepidante, cheio de ideias originais, que esclarece num estilo movimentado e atraente o objetivo expresso no subtítulo: “A formação e o sentido do Brasil”.

Quanto à caracterização do português, parece-me adequado o clássico Raízes do Brasil (1936), de Sérgio Buarque de Holanda, análise inspirada e profunda do que se poderia chamar a natureza do brasileiro e da sociedade brasileira a partir da herança portuguesa, indo desde o traçado das cidades e a atitude em face do trabalho até a organização política e o modo de ser. Nele, temos um estudo de transfusão social e cultural, mostrando como o colonizador esteve presente em nosso destino e não esquecendo a transformação que fez do Brasil contemporâneo uma realidade não mais luso-brasileira, mas, como diz ele, “americana”.
Em relação às populações autóctones, ponho de lado qualquer clássico para indicar uma obra recente que me parece exemplar como concepção e execução: História dos índios do Brasil (1992), organizada por Manuela Carneiro da Cunha e redigida por numerosos especialistas, que nos iniciam no passado remoto por meio da arqueologia, discriminam os grupos linguísticos, mostram o índio ao longo da sua história e em nossos dias, resultando uma introdução sólida e abrangente.
Seria bom se houvesse obra semelhante sobre o negro, e espero que ela apareça quanto antes. Os estudos específicos sobre ele começaram pela etnografia e o folclore, o que é importante, mas limitado. Surgiram depois estudos de valor sobre a escravidão e seus vários aspectos, e só mais recentemente se vem destacando algo essencial: o estudo do negro como agente ativo do processo histórico, inclusive do ângulo da resistência e da rebeldia, ignorado quase sempre pela historiografia tradicional. Nesse tópico resisto à tentação de indicar o clássico O abolicionismo (1883), de Joaquim Nabuco, e deixo de lado alguns estudos contemporâneos, para ficar com a síntese penetrante e clara de Kátia de Queirós Mattoso, Ser escravo no Brasil (1982), publicado originariamente em francês. Feito para público estrangeiro, é uma excelente visão geral desprovida de aparato erudito, que começa pela raiz africana, passa à escravização e ao tráfico para terminar pelas reações do escravo, desde as tentativas de alforria até a fuga e a rebelião. Naturalmente valeria a pena acrescentar estudos mais especializados, como A escravidão africana no Brasil (1949), de Maurício Goulart ou A integração do negro na sociedade de classes (1964), de Florestan Fernandes, que estuda em profundidade a exclusão social e econômica do antigo escravo depois da Abolição, o que constitui um dos maiores dramas da história brasileira e um fator permanente de desequilíbrio em nossa sociedade.
Esses três elementos formadores (português, índio, negro) aparecem inter-relacionados em obras que abordam o tópico seguinte, isto é, quais foram as características da sociedade que eles constituíram no Brasil, sob a liderança absoluta do português. A primeira que indicarei é Casa grande e senzala (1933), de Gilberto Freyre. O tempo passou (quase setenta anos), as críticas se acumularam, as pesquisas se renovaram e este livro continua vivíssimo, com os seus golpes de gênio e a sua escrita admirável – livre, sem vínculos acadêmicos, inspirada como a de um romance de alto voo. Verdadeiro acontecimento na história da cultura brasileira, ele veio revolucionar a visão predominante, completando a noção de raça (que vinha norteando até então os estudos sobre a nossa sociedade) pela de cultura; mostrando o papel do negro no tecido mais íntimo da vida familiar e do caráter do brasileiro; dissecando o relacionamento das três raças e dando ao fato da mestiçagem uma significação inédita. Cheio de pontos de vista originais, sugeriu entre outras coisas que o Brasil é uma espécie de prefiguração do mundo futuro, que será marcado pela fusão inevitável de raças e culturas.
Sobre o mesmo tópico (a sociedade colonial fundadora) é preciso ler também Formação do Brasil contemporâneo, Colônia (1942), de Caio Prado Júnior, que focaliza a realidade de um ângulo mais econômico do que cultural. É admirável, neste outro clássico, o estudo da expansão demográfica que foi configurando o perfil do território – estudo feito com percepção de geógrafo, que serve de base física para a análise das atividades econômicas (regidas pelo fornecimento de gêneros requeridos pela Europa), sobre as quais Caio Prado Júnior engasta a organização política e social, com articulação muito coerente, que privilegia a dimensão material.
Caracterizada a sociedade colonial, o tema imediato é a independência política, que leva a pensar em dois livros de Oliveira Lima: D. João VI no Brasil (1909) e O movimento da Independência (1922), sendo que o primeiro é das maiores obras da nossa historiografia. No entanto, prefiro indicar um outro, aparentemente fora do assunto: A América Latina, Males de origem (1905), de Manuel Bonfim. Nele a independência é de fato o eixo, porque, depois de analisar a brutalidade das classes dominantes, parasitas do trabalho escravo, mostra como elas promoveram a separação política para conservar as coisas como eram e prolongar o seu domínio. Daí (é a maior contribuição do livro) decorre o conservadorismo, marca da política e do pensamento brasileiro, que se multiplica insidiosamente de várias formas e impede a marcha da justiça social. Manuel Bonfim não tinha a envergadura de Oliveira Lima, monarquista e conservador, mas tinha pendores socialistas que lhe permitiram desmascarar o panorama da desigualdade e da opressão no Brasil (e em toda a América Latina).
Instalada a monarquia pelos conservadores, desdobra-se o período imperial, que faz pensar no grande clássico de Joaquim Nabuco: Um estadista do Império (1897). No entanto, este livro gira demais em torno de um só personagem, o pai do autor, de maneira que prefiro indicar outro que tem inclusive a vantagem de traçar o caminho que levou à mudança de regime: Do Império à República (1972), de Sérgio Buarque de Holanda, volume que faz parte da História geral da civilização brasileira, dirigida por ele. Abrangendo a fase 1868-1889, expõe o funcionamento da administração e da vida política, com os dilemas do poder e a natureza peculiar do parlamentarismo brasileiro, regido pela figura-chave de Pedro II.
A seguir, abre-se ante o leitor o período republicano, que tem sido estudado sob diversos aspectos, tornando mais difícil a escolha restrita. Mas penso que três livros são importantes no caso, inclusive como ponto de partida para alargar as leituras.
Um tópico de grande relevo é o isolamento geográfico e cultural que segregava boa parte das populações sertanejas, separando-as da civilização urbana ao ponto de se poder falar em “dois Brasis”, quase alheios um ao outro. As consequências podiam ser dramáticas, traduzindo-se em exclusão econômico-social, com agravamento da miséria, podendo gerar a violência e o conflito. O estudo dessa situação lamentável foi feito a propósito do extermínio do arraial de Canudos por Euclides da Cunha n’Os sertões (1902), livro que se impôs desde a publicação e revelou ao homem das cidades um Brasil desconhecido, que Euclides tornou presente à consciência do leitor graças à ênfase do seu estilo e à imaginação ardente com que acentuou os traços da realidade, lendo-a, por assim dizer, na craveira da tragédia. Misturando observação e indignação social, ele deu um exemplo duradouro de estudo que não evita as avaliações morais e abre caminho para as reivindicações políticas.
Da Proclamação da República até 1930 nas zonas adiantadas, e praticamente até hoje em algumas mais distantes, reinou a oligarquia dos proprietários rurais, assentada sobre a manipulação da política municipal de acordo com as diretrizes de um governo feito para atender aos seus interesses. A velha hipertrofia da ordem privada, de origem colonial, pesava sobre a esfera do interesse coletivo, definindo uma sociedade de privilégio e favor que tinha expressão nítida na atuação dos chefes políticos locais, os “coronéis”. Um livro que se recomenda por estudar esse estado de coisas (inclusive analisando o lado positivo da atuação dos líderes municipais, à luz do que era possível no estado do país) é Coronelismo, enxada e voto (1949), de Vitor Nunes Leal, análise e interpretação muito segura dos mecanismos políticos da chamada República Velha (1889-1930).
O último tópico é decisivo para nós, hoje em dia, porque se refere à modernização do Brasil, mediante a transferência de liderança da oligarquia de base rural para a burguesia de base industrial, o que corresponde à industrialização e tem como eixo a Revolução de 1930. A partir desta viu-se o operariado assumir a iniciativa política em ritmo cada vez mais intenso (embora tutelado em grande parte pelo governo) e o empresário vir a primeiro plano, mas de modo especial, porque a sua ação se misturou à mentalidade e às práticas da oligarquia. A bibliografia a respeito é vasta e engloba o problema do populismo como mecanismo de ajustamento entre arcaísmo e modernidade. Mas já que é preciso fazer uma escolha, opto pelo livro fundamental de Florestan Fernandes, A revolução burguesa no Brasil (1974). É uma obra de escrita densa e raciocínio cerrado, construída sobre o cruzamento da dimensão histórica com os tipos sociais, para caracterizar uma nova modalidade de liderança econômica e política.
Chegando aqui, verifico que essas sugestões sofrem a limitação das minhas limitações. E verifico, sobretudo, a ausência grave de um tópico: o imigrante. De fato, dei atenção aos três elementos formadores (português, índio, negro), mas não mencionei esse grande elemento transformador, responsável em grande parte pela inflexão que Sérgio Buarque de Holanda denominou “americana” da nossa história contemporânea. Mas não conheço obra geral sobre o assunto, se é que existe, e não as há sobre todos os contingentes. Seria possível mencionar, quanto a dois deles, A aculturação dos alemães no Brasil (1946), de Emílio Willems; Italianos no Brasil (1959), de Franco Cenni, ou Do outro lado do Atlântico (1989), de Ângelo Trento – mas isso ultrapassaria o limite que me foi dado.
No fim de tudo, fica o remorso, não apenas por ter excluído entre os autores do passado Oliveira Viana, Alcântara Machado, Fernando de Azevedo, Nestor Duarte e outros, mas também por não ter podido mencionar gente mais nova, como Raimundo Faoro, Celso Furtado, Fernando Novais, José Murilo de Carvalho, Evaldo Cabral de Melo etc. etc. etc. etc.
* Artigo publicado na edição 41 da revista Teoria e Debate – em 30/09/2000
Antonio Candido é sociólogo, crítico literário e ensaísta.