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terça-feira, 22 de setembro de 2009

Prejuízo com remédios roubados em SP chega a R$ 3 milhões, diz delegado

Remédios foram encontrados em unidade particulares de saúde. Empresas de fachada eram usadas para emitir notas falsas do produto

O valor dos medicamentos desviados de hospitais públicos de São Paulo que foram encontrados em duas unidades de saúde privadas na capital paulista nesta terça-feira (22) é estimado em R$ 3 milhões, de acordo com o delegado Anderson Pires Giampaoli, do Departamento de Polícia de Proteção da Cidadania (DPPC).

A Polícia Civil abriu mais dois inquéritos para apurar o caso depois que fiscais da Vigilância Sanitária encontraram dez caixas de Mabthera - remédio oncológico vendido por até R$ 6 mil, a caixa, para a rede estadual - no Fleury Hospital Dia. Outra caixa foi achada em uma clínica oncológica em Higienópolis, na região central. Na manhã de segunda-feira (21), os policiais voltaram à clínica e apreenderam mais cinco caixas de Mabthera e três de outros remédios.

O esquema de roubo e desvio de medicamentos é investigado na Operação Medula, que prendeu nove pessoas na sexta-feira (18). Segundo o delegado, as empresas Garden Farma, de Sorocaba, e Armazém Central de Medicamentos, de Santos, eram responsáveis por passar os medicamentos roubados para o mercado legal. “Eram as distribuidoras usadas pela quadrilha para esquentar os medicamentos.”

De acordo com Giampaoli, os medicamentos desviados iam para as empresas de distribuição que forjavam notas fiscais para os produtos e revendiam para clínicas e hospitais como mercadoria legal, com outra nota fiscal. As duas empresas são de propriedade de duas mulheres já presas em flagrante no início da operação. Elas responderão por falsificação de medicamento, receptação dolosa e crime contra relação de consumo. Se condenadas, as duas pegarão no mínimo dez anos de prisão.

A polícia fará agora uma contagem mais detalhada e verificação de origem dos medicamentos apreendidos. “Tem medicamento do Iamspe [Instituto de Assistência Médica do Servidor Público Estadual], do Ministério da Saúde, da Secretaria de Estado da Saúde”, diz o delegado. A polícia também investiga para onde os medicamentos eram vendidos, além dos dois locais já descobertos.

Outro lado

A direção do Fleury Hospital Dia informou, por meio de nota oficial, que desconhecia qualquer "prática de distribuição ilegal de medicamentos". A empresa informou ainda que tem cadastro comercial do fornecedor, "bem como toda a documentação que indicava que a operação de compra do lote do medicamento Mabthera era rigorosamente legal, dentro do preço praticado no mercado". O texto conclui informando que, "assim que soube do fato ocorrido, o Fleury Hospital Dia se colocou à inteira disposição das autoridades para que o caso seja devidamente apurado e esclarecido".

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