Profissionais dos Hospitais Evangélico, Santa Casa e Infantil cruzam os braços a partir das 7h desta sexta. Diretor clínico da Santa Casa afirmou que PS amanhecerá lacrado
Os médicos plantonistas à distância dos Hospitais Evangélico, Santa Casa e Infantil não aceitaram a proposta da prefeitura de Londrina e decidiram que vão suspender o atendimentos nos prontos-socorros (PS) a partir das 7h desta sexta-feira (13). A definição foi tomada em duas assembleias realizadas na manhã desta quinta-feira (12) entre os corpos clínicos das entidades.
Com a ameaça de paralisação, a administração aceitou, na quarta-feira (11), pagar as parcelas atrasadas dos incentivos após o término de uma auditoria completa no sistema – o que deve ocorrer em 30 dias. O governo municipal prometeu também enviar à Câmara um projeto de lei para autorizar o pagamento dos atrasados e dos valores futuros.
No entanto, para os médicos as propostas apresentadas não apresentaram nenhum avanço no impasse. Para o diretor clínico da Santa Casa, Weber de Arruda Leite, a prefeitura conduziu de forma errada a negociação com os profissionais e provocará "um verdadeiro tsunami no atendimento da saúde pública". "A prefeitura pediu 30 dias de prazo, mas há 30 dias já tínhamos tentado negociar. O problema se arrasta há quatro meses e somente agora a administração diz que o pagamento é ilegal, sendo que ela mesma já tinha efetuado o pagamento do incentivo meses atrás", questionou.
Leite afirmou que o PS da Santa Casa estará lacrado às 7 horas desta sexta. "Todos os médicos pediram demissão da escala de plantão. Como não tenho outros profissionais para fazer uma nova escala o PS será lacrado", disse. O diretor clínico ainda afirmou que não dá para medir qual será o impacto da paralisação. "Não sabemos o que vai acontecer, mas uma pessoa que sofrer um acidente grave pode ficar sem atendimento."
Justiça considera que depósito é ilícito
O juiz Aurênio Arantes de Melo, da 9ª Vara Cível, negou ao Município o direito de depositar em juízo R$ 530 mil devidos a médicos que cumprem plantão à distância (só são acionados em casos de urgência/emergência, de acordo com a demanda).
Prefeito pede mais recursos
O prefeito de Londrina, Barbosa Neto (PDT), afirmou, durante entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (12), que o município solicitou aumento de R$ 1,6 milhão no teto dos repasses do Ministério da Saúde (MS) para o pagamento dos atendimentos realizados pelo SUS. O teto atual é de R$ 13 milhões.
O aumento da verba é uma das soluções apontadas pelo prefeito para tentar acabar com o impasse com os médicos plantonista, que ameaçam suspender o atendimento a partir desta sexta-feira (13). A Prefeitura encaminhará, no máximo até a sexta, um projeto de lei à Câmara de Vereadores para regulamentar o pagamento dos incentivos aos médicos que fazem plantão à distância.
O assunto será tratado em uma reunião em Curitiba que reunirá técnicos do MS e das secretarias de saúde estadual e municipal. Para o prefeito todas as medidas estão sendo tomadas para evitar que o atendimento aos pacientes do SUS entre em um colapso. "Londrina é responsável pelo atendimento de 55% dos atendimentos de pacientes de municípios da região. Isso significa que um terço dos atendimentos depende da cidade", afirmou.
Barbosa ressaltou que a suspensão do pagamento dos incentivos aos médicos "não foi uma irresponsabilidade." Ele afirmou que a administração quer saldar a dívida com os profissionais, para isso está "tentando regulamentar o que não foi feito no passado." O prefeito ainda usou como argumento de defesa pelas medidas adotadas pela gestão a decisão da Justiça que considerou ilícito o pagamento dos incentivos.
"Nós não estamos fugindo da nossa responsabilidade. Estamos buscando alternativas para evitar a suspensão do atendimento. Espero que os médicos tenham consciência dos nossos esforços", finalizou.
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