Museu Guido Viaro é inaugurado hoje em um prédio de preservação histórica, com exposição que reúne algumas das obras mais destacadas do artista italiano radicado no Paraná
Em 1975, a família do artista e a prefeitura de Curitiba constituíram, por meio de comodato, o Museu Guido Viaro, no Largo da Ordem. Durante 20 anos, a visitação foi intensa, até que o abandono do prédio fez com que a família retirasse o acervo do local, encerrando as atividades do Museu.
Hoje, às 20 horas, Constantino inaugura o primeiro museu particular de Curitiba, que recebe o mesmo nome da antiga morada do acervo do artista italiano. O prédio de 1929 que abriga o espaço, localizado na Rua XV de novembro, esquina com a General Carneiro, em frente à Reitoria da Universidade Federal do Paraná, foi inteiramente reformado com recursos próprio da família Viaro.
A inauguração terá breves palavras de seu proprietário, o filho do artista, e um discurso de René Dotti, um dos integrantes do conselho administrativo e fiscal. Em seguida, haverá uma apresentação da Orquestra de Câmera da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, regida pelo maestro Paulo Torres, e um coquetel.
A primeira exposição do Museu, distribuída em dois amplos salões, é uma espécie de retrospectiva, com cerca de 90 obras que representam as diversas fases do artista – de 1930, quando se instalou em Curitiba, a 1971, ano de sua morte. “Mas há também um autorretrato de quando meu pai tinha 15 anos”, conta Constantino.
Ele também exibe obras dos tios de Guido Viaro, o escultor Angelo Viaro, que foi famoso na Itália, e o pintor Antonio Viaro. “Eles foram os grandes incentivadores do meu pai. A família dele era formada por agricultores, em sua maioria, e queria que ele fosse médico, mas os dois viram que o garoto tinha talento, mandaram um quadro dele para uma exposição em Veneza e ele ganhou uma menção honrosa”, conta.
Além da exposição, será possível ver, em televisores, mais de 1,1 mil obras do artista catalogadas em um CD-Rom e assistir, em uma sala de projeções, a filmes como o Retrato da Polaca, dirigido por Fernando Severo, em parceria com Allysson Muritiba, Haruo Oshima e Antônio Júnior.
A produção conta a história de Hedwiges Mizerkowski, a polaca que inspirou um dos marcos do modernismo brasileiro, a tela “A Polaca”, de 1935. A musa de mais de cem anos, aliás, estará presente na inauguração do museu. “Ela é muito agitada, tem a cabeça melhor que a minha”, admira-se Constantino.
Outra polaca, “uma polaca inglesa”, também terá seu retrato à vista do público. Ela é Mildred, uma senhora que limpava o quintal de Guido Viaro, retratada em 1948. Mas ainda há telas como as “Fofoqueiras” (1940), as “Lavadeiras” (1960), um retrato de Miguel Bakun (“Homem sem Rumo”, 1940), paisagens de várias fases, entre outras obras que mostram “o lado humanístico de Guido Viaro, pintando figuras conhecidas da cidade, como o cineasta João Baptista Groff (“Caçador de Borboletas”) e pessoas na rua”, conta Constantino.
Outra surpresa é ouvir a voz do próprio artista em fones de ouvido à disposição do público. A gravação revela trechos de uma entrevista concedida na década de 1970 à crítica de artes visuais Adalice Araújo, em que Guido Viaro fala sobre conceitos de arte, a produção artística do Paraná, suas obras, entre outros temas.
Após a exposição inaugural, o Museu abre espaço para mostras de outros artistas, no primeiro andar. “Também temos a intenção de trazer crianças de escolas para ver os quadros e desenhar”, diz Constantino. O próximo passado é reformar a casa ao lado, de sua propriedade, para transformá-la em um café e salas de aula. “A intenção é oferecer cursos que valorizem a criatividade”, lembra Viaro, que relaciona o projeto ao legado pedagógico pioneiro de seu, criador do Centro Juvenil de Artes Plásticas e mentor de gerações de artistas paranaenses.
Serviço:
Museu Guido Viaro (R. XV de Novembro, 1.348), (41) 3018-6194. Abertura, dia 10 de novembro, às 20 horas. De terça a sábado, das 14 às 18 horas. Entrada gratuita.
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