O Sistema Único de Saúde (SUS) financiará seis novos medicamentos fitoterápicos. A partir do próximo ano, os postos de saúde poderão oferecer fármacos produzidos à base de alcachofra, aroeira, cáscara sagrada, garra do diabo, isoflavona da soja e unha de gato. Com isso, o número de fitoterápicos financiados pelo SUS passa de dois para oito. Os novos produtos ¿ preparados a partir de plantas medicinais ¿ são indicados para o tratamento de problemas como prisão de ventre, inflamações, artrite reumatóide e sintomas do climatério (veja quadro abaixo). Esses medicamentos serão financiados com os mesmos recursos utilizados para a compra dos medicamentos da atenção básica. A portaria que inclui esses fitoterápicos no Componente Básico de Assistência Farmacêutica foi publicada no Diário Oficial da União nesta semana.
O diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde, José Miguel do Nascimento Júnior, explica que a escolha desses fitoterápicos considerou as evidências científicas de segurança e eficácia a respeito deles. ¿Vamos ampliar as opções terapêuticas para a população. Ao oferecer esses fitoterápicos no SUS, aliamos a sabedoria e a prática popular às evidências científicas desses medicamentos¿, afirma Nascimento.
Ele observa que os medicamentos são extraídos de espécies da flora brasileira não ameaçadas de extinção. Dessa forma, o financiamento segue a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que os países usem os recursos naturais disponíveis no próprio território para promover a atenção primária à saúde. ¿Além de ampliar a oferta de opções terapêuticas para a produção, vamos contribuir para o uso sustentável da biodiversidade nacional e para o desenvolvimento da agricultura e da indústria, além de incentivar a criação de empregos¿ ressalta o diretor.
DISTRIBUIÇÃO- Desde 2007, o SUS financia medicamentos fitoterápicos feitos à base de espinheira santa (para gastrites e úlceras) e guaco (para tosses e gripes), em apresentações como cápsula, comprimido e xarope, entre outras. Os produtos integram as listas de distribuição de medicamentos em 13 estados.
A inclusão dos seis novos fitoterápicos faz parte das ações do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, que busca oferecer mais opções terapêuticas à base de plantas medicinais para a população.
Os estados não são obrigados a oferecer todos os medicamentos. Assim como ocorre com a lista de fármacos da atenção básica, as secretarias estaduais e municipais de saúde deverão definir os medicamentos que serão distribuídos na rede pública de saúde, de acordo com a necessidade de cada região.
José Miguel do Nascimento Júnior destaca que a oferta dos fitoterápicos não interfere na política de distribuição de medicamentos alopáticos sintéticos, os mais conhecidos entre a população brasileira. A prescrição dos fitoterápicos será realizada pelos médicos e, com a receita médica em mãos, os pacientes terão acesso a eles nos postos de saúde gratuitamente.
COMITÊ - O Ministério da Saúde criou, em setembro, o Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Coordenado pelo Ministério e formado por membros do governo federal e da sociedade civil, o Comitê monitorará e avaliará as ações do Programa Nacional de Fitoterápicos. Esse programa contempla todas as etapas de produção de um fitoterápico. As ações vão desde as pesquisas que demonstram evidências científicas da planta para um determinado tratamento, passando pelo cultivo, colheita e extração, até a produção e comercialização do produto.
Alcachofra - Cynara scolymus - Tratamento de dores na região abdominal associadas a disfunções relacionadas ao fígado e à bile.
Aroeira - Schinus terebenthifolius - Produtos ginecológicos anti-infecciosos
Cáscara sagrada - Rhamnus pushiana - Constipação ocasional (prisão de ventre)
Garra do diabo - Harpagophytum procumbens - Anti-inflamatório (oral) para dores lombares, osteoartrite (artrose)
Insoflavona da soja - Glycine max - Climatério (coadjuvante no alívio dos sintomas)
Unha de gato - Uncaria tomentosa - Anti-inflamatório (oral e tópico) nos casos de artrite reumatóide, osteoartrite (artrose) e como imunoestimulante
Fonte: Intranet Saúde
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