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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

‘Máfia do lixo’, ‘forças poderosas’, ‘ameaças’ e ‘tentativas veladas de suborno’ são citadas por agentes públicos em Curitiba

www.mafiadolixo.com

Em 10 de janeiro de 2010, o portal Bem Paraná publicou uma entrevista exclusiva do prefeito de Curitiba, Carlos Alberto Richa (PSDB), com o Jornal do Estado. Na oportunidade o prefeito Beto Richa falou sobre o seu futuro político e a sua administração na Prefeitura de Curitiba. Nessa entrevista o Jornal do Estado perguntou ao prefeito Beto Richa sobre o lixo da capital. Em sua resposta Richa disse que “desejava alertar a todos os moradores que estão sendo manipulados por interesses de grupos econômicos escusos, que a máfia do lixo está presente”. E mais. “Quero tranqüilizar os moradores da Caximba que não se deixem manipular por grupos econômicos. Pedimos alguns meses para adotar a nossa prática, que vai ser modelo nacional. Passamos dois anos estudando as melhores práticas de destinação do lixo no mundo. Pode ter certeza que foi a melhor escolha”, declarou o prefeito. Beto Richa estava se referindo ao SIPAR (Sistema Integrado de Processamento e Aproveitamento de Resíduos de Curitiba e Região Metropolitana). O Consórcio Intermunicipal de Gestão de Resíduos Sólidos – Conresol, formado por Curitiba e mais 18 municípios da RM, tem por presidente o prefeito Beto Richa. O Conresol está promovendo uma megalicitação bilionária para a instalação do SIPAR. Como esse consórcio intermunicipal precisa de mais tempo para que seja assinado o contrato com o vencedor da concorrência do SIPAR (até a presente data não ocorreu a publicação da “declaração da vencedora” da licitação pública), a Prefeitura de Curitiba resolveu recorrer a Justiça do Paraná para continuar enterrando lixo no Aterro Sanitário da Caximba. A estratégia foi a “reconformação geométrica” de células de resíduos sólidos urbanos já encerradas no aterro da Caximba. O “start” ocorreu por meio de uma decisão da Justiça do Paraná, a qual concedeu um prazo até 1º. de novembro desse ano para que o Aterro Sanitário da Caximba venha a receber o lixo de Curitiba e da Região Metropolitana. Treze dias após a entrevista do prefeito Beto Richa ao Jornal do Estado, o presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), em entrevista ao portal Paraná On Line, disse “que está sendo perseguido por ter enfrentado a máfia do lixo”. Burko foi mais longe, e declarou também ao jornal Gazeta do Povo “ter sofrido ameaças e tentativas veladas de suborno durante a discussão da ampliação do Aterro Sanitário da Caximba”. Esse empreendimento municipal é de titularidade da Prefeitura de Curitiba, e hoje recebe diariamente 2.400 toneladas de lixo da capital e de outras 18 cidades da região metropolitana, sendo operado pela empresa Cavo Serviços e Meio Ambiente S/A, do grupo Camargo Correa. O presidente do IAP suas denúncias e acusa José Álvaro Carneiro, presidente do IBAMA no Paraná, de “fazer lobby em prol da ampliação do Aterro Sanitário da Caximba”. Burko disse que as ‘forças poderosas’ que estariam agindo contra ele foram citadas numa conversa que teve com o José Álvaro Carneiro. Burko disse que “o Carneiro esteve no meu gabinete no IAP tentando me convencer que eu deveria permitir a ampliação da Caximba. Chegou a me dizer que, se eu não prorrogasse, eu iria enfrentar forças muito poderosas”. É inacreditável. Em Curitiba, agentes públicos falaram abertamente de “máfia do lixo”, “lobby”, “forças poderosas” e “tentativa velada de suborno”. Isso é mais do que suficiente para que se investigue profundamente o que está acontecendo nos bastidores do lixo de Curitiba. O delegado da Polícia Federal, Felipe Eduardo Hideo Hayashi, que comandou em agosto do ano passado a “Operação Quilate”, desencadeada pela PF contra uma organização criminosa com atuação nacional e internacional no mercado de pedras preciosas, atua na Delegacia de Repressão de Crimes Fazendários (DELEFAZ), em Curitiba. Lá na Polícia Federal, sob o comando da DELEFAZ, desde o ano passado está sendo conduzido o Processo TC no. 0086/09-4 que tem por pauta o lixo de Curitiba e RM. O delegado Felipe Hayashi deveria convidar os agentes públicos que falaram abertamente de “máfia do lixo”, “lobby”, “forças poderosas” e “tentativa velada de suborno” para explicar melhor o que disseram a imprensa. Não dá para ficar silencioso, ouvindo as denúncias de agentes públicos sobre o lixo de Curitiba e deixar passar essas declarações bombásticas, como se nada tivesse ocorrido. Quem falou sobre “máfia do lixo”, “lobby”, “forças poderosas” e “tentativa velada de suborno” deve melhor se explicar na Polícia Federal o que isso representa. Ou estou enganado?

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