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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Médicos brigam antes de parto em hospital de MS; bebê nasce morto


Agência Folha

Dois médicos trocaram socos durante um trabalho de parto no hospital municipal de Ivinhema (a 345 km de Campo Grande), em Mato Grosso do Sul, e atrasaram o procedimento. Após uma cesariana de emergência, o bebê nasceu morto.
A polícia abriu inquérito para apurar se a confusão na sala de parto contribuiu para a morte. A cesariana foi feita por um terceiro médico, uma hora e meia depois da briga. Segundo o delegado Lupersio Lúcio, os exames pré-natais da gestante Gislaine Santana, 32, não indicavam problemas com a gravidez.
"Uma briga nessas circunstâncias é, por si só, algo surreal e inimaginável", disse o delegado. Ele afirmou que vai tentar mostrar se a confusão diante da gestante resultou em algum prejuízo ao trabalho de parto. A confusão ocorreu na terça-feira (23), durante o plantão do médico Sinomar Ricardo. Ao chegar ao hospital para o parto, Gislaine estava com o médico Orozimbo Oliveira Neto, que trabalha no mesmo hospital e fizera todo o acompanhamento pré-natal.
Quando o outro médico já havia começado o procedimento na sala de parto, Ricardo interrompeu o processo, segundo o delegado, por entender que ele é que deveria conduzir os partos durante o seu plantão.
"Aí, foi pancadaria mesmo. Chegaram a rolar no chão. E minha mulher gritava para que parassem", disse o marido de Gislaine, Gilberto Melo Cabreira. Ele afirmou que, durante a briga, a porta da sala ficou aberta. "Minha mulher ficou exposta, nua, para todo o hospital."
Segundo ele, Gislaine pretendia ter um parto normal e que, pouco antes da briga entre os dois médicos, havia recebido uma dose de um medicamento que induz as contrações e a dilatação.
Depois da briga, Cabreira disse tê-la encontrado "em estado de choque". "Ela estava chorando muito e ficava repetindo que não queria mais o parto normal."
Nesta quarta-feira, em nota, a Secretaria Municipal da Saúde anunciou que os médicos foram dispensados do hospital. Gislaine recebeu alta nesta tarde e se disse "muito abalada emocionalmente". A Folha não conseguiu localizar os médicos envolvidos.
Cabreira esteve hoje no Ministério Público. Até o final desta semana, ele diz que pretende contratar um advogado para buscar reparação por danos morais.
Sobre a possibilidade de a briga ter interferido no nascimento de sua filha, Cabreira disse que "não pode fazer acusações". "Uma coisa, porém, eu posso afirmar: até o momento do parto, minha filha estava saudabilíssima."

COMENTÁRIO: Em algum ponto na nossa linha do tempo, nós perdemos alguma coisa fundamental que nos permitia transmitir aos nossos jovens colegas questões relativas ao  Compromisso (assim mesmo, com maiúscula) como Profissionais  (também assim mesmo, com maiúscula) e como seres humanos. 
Dá para imaginar as coisas que estão acontecendo por aí a fora, só lendo o que aparece na imprensa (que pode ser apenas a ponta do iceberg).
  • Calouros  sendo mortos/agredidos por colegas durante o trote de admissão à faculdade.
  • Formandos de medicina barbarizando e ofendendo pacientes no pronto-atendimento de um hospital universitário (que pertence a uma instituição pública).
  • Alunos de instituição de ensino superior promovendo algazarra e atos de preconceito e discriminação explícitos contra uma colega, por conta dos trajes que ela vestia.
  • Pronto-socorros de hospitais filantrópicos (e de confissão religiosa) negando atendimento, fechados com correntes e tapumes, em queda de braço para auferir vantagens financeiras em negociação de contratos.
  • Médicos se engalfinhando e trocando socos na sala de parto de um hospital.
  • Serviços de emergência fazendo jogo de empurra-empurra, negando atendimento a paciente que morre sem assistência.
Tem alguma coisa errada...



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