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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Cenas de um Sistema Universal e Integral

Garotinho de 6 anos de idade chega para realizar um "Ecocardiograma Bidimensional Transtorácico com Doppler Colorido".

Na requisição o meu colega colocou "Solicitação Ética".
"Solictação Ética" é o eufemismo que a gente emprega para aqueles exames que "não precisava, mas não teve como negar".

Pergunto à mãe o que aconteceu.

Ela me contou que o médico no postinho de sua cidade diagnosticou que o menino estava "com um pouco de anemia".

Encaminhou o "pouco de anemia" para ser tratado no ambulatório... Do Hospital de Clínicas da UFPR (Juro!)

No HC o "pouco de anemia" ficou em tratamento durante 6 meses.

A médica do HC disse à mamãe que, ao examinar o menino, achou que era bem possível que ele tivesse "um pequeno sopro no coração". Como não tinha certeza do que realmente havia auscultado, somente com a realização do Ecocardiograma Bidimensional Transtorácico com Doppler Colorido é que seria possível saber exatamente o que o menino com "um pouco de anemia" e "um pequeno sopro no coração" tinha.

A mãe chorou aliviada quando eu contei a ela que o Ecocardiograma Bidimensional Transtorácico com Doppler Colorido havia dado normal.

Em tempo: na faixa etária do menino que tinha "um pouco de anemia" e "um pequeno sopro no coração" , a incidência de "sopro habitual da infância" - ou "sopro inocente"- varia de 30 a 50% e é um achado absolutamente NORMAL de exame físico.

Provavelmente os dois médicos (o que não sabe tratar anemia de criança e o que não sabe auscultar coração) são ferrenhos adversários da CPMF e acham que o problema do SUS é um problema de "falta de gestão".

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