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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

“Erro” de Cabral vira lição para Dilma e PMDB

É rara no reino da política a atitude do governador reeleito do Rio, Sérgio Cabral, assumida aberta e publicamente nesta quinta: admitir um erro com todos os erres e pedir desculpas. O pemedebista reconheceu que se precipitou ao anunciar Sérgio Côrtes para o ministério da Saúde. Ao fazê-lo, de uma tacada, Cabral desautorizou Dilma, Temer, e deixou falando sozinha toda a bancada de deputados federais do partido.
Foi mesmo bem mais que “uma deselegância” – como caracterizou o próprio Cabral, para logo acrescentar nome mais preciso: “um erro” e, em seguida, pedir desculpas. Côrtes acabou rapidamente fulminado, sem que sequer se apreciasse sua eventual competência para a função de ministro da Saúde.
O episódio encerra uma lição importantíssima para a aliança PT-PMDB, que estréia efetivamente no comando da nação em 2011. O maior partido do país vive um delicado equilíbrio interno, baseado exclusivamente na expectativa de poder de Michel Temer, seu principal representante no governo que se instala em janeiro. Ocorre que a trajetória política de Temer foi marcada pela permanente contestação de seu poder dentro do partido, cuja união é conquista recente e episódica. Por isso, a mais leve impressão de que o poder de Temer pode ser ilusório, ou subdividido com alguém como Cabral - investido do papel interlocutor privilegiado da presidente -, é profundamente  danosa para o controle deste gigante chamado PMDB.
Se o partido entrou para a aliança presidencial sendo reconhecido como poderosa força estabilizadora, imagine o tamanho do estrago que fará no papel contrário. Faz bem para a saúde do governo ao qual se alia e para a do próprio partido o governador Sérgio Cabral ao ressaltar, com clareza: “quem conduz com muita competência a base de sustentação do governo no Congresso é o PMDB. Esse assunto está superado. Vamos olhar para frente, governar o estado, governar o Brasil em paz.

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