por Fábio Campelo Santos da Fonseca (farmacêutico e servidor do MS) e Florentino Júnio Araújo Leônidas (estudante de Saúde Coletiva da UnB)
O Projeto de Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde (VER-SUS Brasil) foi uma estratégia inovadora realizada pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde (SGTES), do Ministério da Saúde (MS); pelo Movimento Estudantil da área da Saúde, através das Federações e Executivas de curso; e pelas Secretarias Municipais de Saúde.
Esse Projeto surgiu a partir do Seminário Os Estudantes Universitários da Área da Saúde e o SUS, realizado em 2003, e durou até meados de 2005. Nesse meio tempo, foram realizadas três edições: um projeto piloto e duas etapas nacionais, envolvendo 1.417 estudantes de diversos estados do país, em mais de 60 municípios.
O período de estágio durava entre 15 e 20 dias, e cada grupo de estagiários contava com entre 10 e 15 estudantes de 16 cursos da área da Saúde. Esses estagiários então seguiam para os municípios e acompanhavam o atendimento aos usuários nos serviços de saúde, visualizavam a estrutura e o funcionamento do SUS municipal.
O VER-SUS foi inovador por dois motivos: (1) A articulação inédita entre o MS e o ME de Saúde, trazendo o olhar sobre o SUS sob duas perspectivas diferentes; e (2) Após a aprovação das novas Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos da área da Saúde, entre 2001 e 2002, foi o modelo encontrado (e mais adequado) para a integração ensino-serviço no campo da saúde, devido ao seu cunho interdisciplinar e multiprofissional.
Infelizmente, com as mudanças realizadas no MS em 2005, o VER-SUS foi desativado, e as articulações com o ME de Saúde foram praticamente cessadas. Desde então, outras estratégias, como o Pró-Saúde, estão sendo realizadas, mas sem a abrangência e a interdisciplinaridade que o VER-SUS proporcionava.
E no bojo de tantas discussões sobre a formação necessária de profissionais para atuação no SUS, o a retomada do referido Projeto é fundamental para o cumprimento de diversas demandas ainda não vencidas na formação de pessoal para o SUS, e que eram objetivos do VER-SUS. Se o Ministério da Saúde agir nesse sentido, certamente teremos novamente “uma luz no fim do túnel” no que diz respeito à Educação em Saúde, possibilitando, de fato, uma formação crítica e reflexiva na área da Saúde, e fortemente voltada para a realidade do SUS.
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