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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Estudo analisa aleitamento materno em unidades de saúde do RJ

no Informe ENSP

Analisar a associação entre ações de promoção, proteção e apoio à amamentação, realizadas em unidades básicas de saúde (UBS), e a prevalência de aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida foi o objetivo do estudo que aconteceu em unidades básicas de saúde do município do Rio de Janeiro. O trabalho foi coordenado por pesquisadores da ENSP/Fiocruz, como Carla Lourenço Tavares de Andrade, e da Universidade Federal Fluminense, como Rosane Siqueira Vasconcellos Pereira, Maria Inês Couto de Oliveira e Alexandre dos Santos Brito. Entre os resultados, a equipe constatou que a prevalência de aleitamento materno exclusivo diminuiu 17% a cada mês de vida do bebê, e os grupos de apoio à amamentação e a orientação sobre seu manejo contribuíram para o aleitamento materno exclusivo na atenção básica.

O
trabalho, publicado na edição de dezembro de 2010 da revista Cadernos de Saúde Pública, da ENSP/Fiocruz, parte da afirmação de que a amamentação tem desempenhado um papel importante na saúde da mulher e da criança, além de ser considerado o padrão ouro na alimentação do lactente e o crescimento e desenvolvimento da criança amamentada. Em 2001, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a adotar como recomendação o aleitamento materno exclusivo por seis meses.

Segundo as autoras, 'as ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno têm se mostrado importantes para a melhoria da saúde da criança e também ações estratégicas para a organização e qualificação dos serviços. Ações desenvolvidas nos hospitais vêm sendo reconhecidas como de fundamental importância para o início da amamentação'. Tais ações seguem a estratégia, de promoção ao aleitamento materno na atenção básica, lançada em 2008 pelo Ministério da Saúde, tendo como base as pesquisas que mostram que a prevalência de aleitamento materno exclusivo no Brasil está longe das recomendações.


No caso do município do Rio de Janeiro, as autoras constataram que várias unidades de saúde vêm sendo credenciadas como Hospital Amigo da Criança e Unidade Básica Amiga da Amamentação, participando, junto com os Bancos de Leite Humano, de uma rede integrada de cuidados que busca melhorar os indicadores da atenção materno-infantil e aumentar a prevalência de aleitamento materno. 'Para o desenvolvimento deste estudo, foi utilizada a base de dados do projeto interinstitucional
Avaliação da Qualidade da Assistência à Criança Menor de Seis Meses Prestada por Unidades Básicas do Sistema Único de Saúde do Município do Rio de Janeiro, coordenado pela ENSP/Fiocruz', explicam.

Das 1.029 mães que foram analisadas nas entrevistas, 58,1% dos seus bebês estavam em aleitamento materno exclusivo, 10,7% em aleitamento materno predominante e 24,1% em aleitamento materno complementado. Não estavam mais sendo amamentados 7,1% dos bebês. Além disso, 49,4% deles eram do sexo feminino e 8,3% apresentaram baixo peso ao nascer. Fizeram pré-natal 98,6% das mães, a maioria (67,0%) teve seu parto em Hospitais Amigos da Criança ou em processo de certificação e 63,7% delas tiveram parto normal. A grande maioria dos recém-nascidos (92,9%) recebeu alta do hospital em aleitamento materno exclusivo. Das 1.029 crianças, 73,2% concentraram-se na faixa etária de 0 a 4 meses.


Para as autoras, o estudo mostra que a prevalência de aleitamento materno exclusivo entre crianças menores de seis meses assistidas no Rio de Janeiro foi de 58,1%. 'Apesar de esses resultados ainda estarem aquém das recomendações internacionais, eles se mostraram superiores aos encontrados na pesquisa realizada na Campanha de Vacinação de 2006 no município do Rio de Janeiro (33,3%), com crianças da rede pública e particular, e sinalizam a qualidade da produção do cuidado à criança assistida na rede básica de saúde, particularmente quanto às ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno', afirmam.


A equipe de condução do trabalho sinaliza que uma atenção especial deve ser dada aos grupos populacionais que apresentaram menor prevalência de aleitamento materno exclusivo na atenção básica do município do Rio de Janeiro, como as mulheres de cor não branca, escolaridade baixa e aquelas que não têm companheiro. 'As orientações sobre o manejo da amamentação e os grupos de apoio à amamentação, conduzidos nas UBS, mostraram-se associados positivamente à prevalência do aleitamento materno exclusivo. Recomenda-se que essas ações sejam implementadas no conjunto das UBS e iniciativas que valorizem o aleitamento materno na atenção básica, como a Unidade Básica Amiga da Amamentação, sejam fortalecidas', concluem as autoras.

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