Páginas

quarta-feira, 16 de março de 2011

Comunidades virtuais beneficiam relação médico e paciente


Redação do Correio do Brasil, com Agência USP - de São Paulo
Acesso à internete resulta em maior interação entre médico e paciente
Foi se o tempo em que um paciente apenas ouvia as recomendações do médico e, com o receituário em mãos, adquiria o medicamento. Segundo a pesquisadora Wilma Madeira, atualmente há maior interação nessa relação.
– Com a internet, além do acesso às informações, os pacientes participam de comunidades virtuais. Isso os ajuda a estarem melhor preparados para interagir com o médico –, afirma Wilma.
Formada em Comunicação Social, na área de comunicação e marketing, ela é autora de um estudo apresentado na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP sobre o tema.
Para realizar sua pesquisa, Wilma disponibilizou na internet um questionário, com foco no paciente, sobre o acesso que tinham a comunidades virtuais relacionadas a doenças.
– O questionário foi divulgado em telecentros e associações hospitalares. Posteriormente, utilizei a análise de discurso para avaliar as respostas –, destaca a pesquisadora, lembrando que seu estudo é qualitativo. Ao todo, segundo Wilma, foram analisadas as respostas discursivas de 177 pessoas.
Além das análises dos discursos, a pesquisadora também participou de algumas comunidades virtuais na internet como observadora, analisando também seus conteúdos. Ao todo foram três as comunidades em que Wilma participou: uma composta de pessoas com hepatite C; a segunda, com pacientes que possuíam transtornos da tireóide; e a terceira, de pessoas saudáveis.
– Foi importante observar o comportamento de pessoas acometidas de doenças epidêmicas que levam à morte, como é o caso da hepatite C. No caso da tireóide, trata-se de uma doença crônico degenerativa –, conta.
De acordo com as observações de Wilma e pela análise das respostas nos questionários, ela aponta o que, para o paciente, seria a consulta ideal:
– As pessoas querem que os profissionais dediquem mais tempo às consultas e que as olhem diretamente nos olhos –, diz.
Nas comunidades virtuais, Wilma construiu uma escala de interação. Primeiro a entrada e observação dos diálogos e, posteriormente, a troca de informações.
De acordo com a pesquisadora, uma atitude muito comum atualmente é a pessoa, diante de um diagnóstico médico, consultar a internet.
– Ao saber que foi diagnosticado com hipertensão, por exemplo, é comum um paciente digitar o termo em sites de busca –, observa Wilma.
Outra atitude, que é a participação em comunidades virtuais, acaba gerando a ajuda mútua entre pessoas acometidas pela mesma doença. Todas estas informações, que acabam por gerar conhecimento, costumam ser levadas ao médico pelo próprio paciente, que terá mais interação com o profissional de saúde durante a consulta.

– A maior interação, somada a um maior conhecimento sobre a sua doença, faz com que o paciente tenha maior participação em seu tratamento, o que irá gerar mais saúde –, aponta Wilma.
Wilma lembra que o prontuário médico deve ser acessível ao paciente. E isso está de acordo com o Constituição Brasileira.
– Por lei, instituições e médicos estão obrigados a disponibilizar aos pacientes todas as informações sobre diagnósticos e tratamentos –, descreve.
Porém, como ressalta a pesquisadora, poucos pacientes têm essa informação. Inclusive, de acordo com o novo Código de Ética Médica, como lembra a pesquisadora, “os médicos admitem que o paciente tem direito a uma segunda opinião.”
Ela conta que, a partir da década de 1990, algumas unidades de saúde passaram a disponibilizar o prontuário no próprio atendimento.
– Era o chamado prontuário eletrônico –, lembra.
A internet, segundo a pesquisadora, facilitou mais ainda o acesso.
Hoje, a maioria dos laboratório já disponibiliza resultados de exames laboratoriais pela rede mundial de computadores, agilizando o acesso à informação. Em relação à classe médica, Wilma acredita que os resultados também têm sido positivos.
– É mais saudável para o profissional de medicina que o paciente também participe do processo de decisão sobre sua doença. Apesar de boa parte dos médicos acreditarem que é válido o acesso à internet, outros acham o procedimento desnecessário e isso gerou alguns conflitos –, relata a pesquisadora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário