ENSP
A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca acaba de tomar a decisão de colocar acessível todo o material didático produzido no âmbito dos cursos de educação a distância da ENSP. O anúncio foi feito pelo diretor da Escola, Antônio Ivo de Carvalho, durante o Seminário Internacional Acesso Livre ao Conhecimento, e faz parte do desenvolvimento de uma Política de Acesso Aberto ao Conhecimento, a ser implementada na Escola. De acordo com Antônio Ivo, o compromisso da ENSP é estender e universalizar todo o seu patrimônio de material didático existente. "Hoje, o acesso aberto é uma política institucional para nós". Ainda na temática da educação a distância, a última mesa do evento, realizada no dia 13/4, reuniu especialistas para debater plataformas de software livre e seu uso em sistemas de gestão acadêmica e produção de conteúdo na modalidade a distância.
A decisão de colocar disponível o material do EAD faz parte de um conjunto de ações que a ENSP passa a efetivar, as quais foram discutidas durante o Seminário. Entre elas, a criação do site de acesso aberto, a mudança a ser realizada em seu repositório, etc. "A inclusão do material didático dos cursos de EAD pode ser feita de imediato por meio de seus recursos de aprendizagem", apontou a coordenadora de Comunicação Institucional da ENSP, Ana Furniel. Ela disse ainda que "em algumas semanas, já podemos começar a colocar o material dos cursos em nossa Biblioteca Multimídia". Segundo Victor Grabois, um dos coordenadores do Curso Nacional de Qualificação dos Gestores do SUS, que faz parte do Programa Nacional de Qualificação de Gestores e Gerentes do SUS, do Ministério da Saúde "todos os esforços serão feitos para colocarmos o material disponível na internet para acesso livre".
A mesa de encerramento Plataforma Moodle: Sistema de Gestão Acadêmica e produção de conteúdo em EAD contou com a presença do diretor de Informática da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires (Argentina), Pablo Etcheverry, do diretor do Laboratório de Computação Científica da Universidade Federal de Minas Gerais, Márcio Bunte, e da consultora de EAD do Programa Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS), Lina Barreto. O debate foi mediado pelo coordenador do Núcleo de Experimentação de Tecnologias Interativas (Next), do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), Nilton Bahlis dos Santos.
O argentino Pablo Etcheverry trouxe para a mesa a experiência da Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales (Flacso) com o Moodle e novas funcionalidades da versão 2.0. Segundo ele, o processo de migração para o Moodle, que é uma plataforma de software livre, foi uma decisão institucional e se deu de maneira transparente. "Todos participaram, e com isso apareceram outras questões e debates. Foi pensado conjuntamente como seria o uso de um software livre e como ele estaria relacionado ao conhecimento livre produzido na nossa instituição. Com essas discussões abertas surgiram outras ideias, questionamentos e projetos no âmbito do conhecimento livre, como, por exemplo, Livros Livres, que é um editorial virtual aberto com artigos de diferentes temáticas e também livros que podem ser lidos em pdf. Essa publicação é totalmente digital e feita com licença aberta", contou.
Relacionado a questões técnicas, Etcheverry destacou que o tamanho da comunidade Flacso influenciou a decisão de uso da Plataforma Moodle. Entre outras características, ele destacou a segurança sobre a licença de uso, por ser uma ferramenta livre, e a segurança nas características da plataforma. "Estamos entre os dez sites com maior número de usuários", ressaltou. Além disso, ele falou sobre provedores locais que colaboram com o crescimento da ferramenta. "Existem desenvolvedores na América Latina e em todo canto do país capacitados para apoiar o desenvolvimento da nossa plataforma", comentou Pablo.
Márcio Bunte trouxe para o Seminário a experiência da Minha UFMG, ambiente virtual desenvolvido há anos para a integração dos professores, alunos e funcionários da sua instituição. Com uma ferramenta bastante robusta, com inúmeras funcionalidades e aplicações, Márcio contou que essa base de dados concilia todas as informações dos mais de 83 mil usuários. "A base é única, porém cada informação é armazenada de uma maneira. Assim, cada usuário tem seu perfil específico e determinadas possibilidades dentro da ferramenta. Para os professores aparecem grades de aulas, matérias que ministram e diário eletrônico, por exemplo. Já o gestor pode controlar o número de acessos, demandas do sistema, quantas novas turmas existem a cada semestre, entre outros", detalhou.
Ele lembrou que, agora, a universidade está usando a versão 2.0 da Plataforma Moodle. De acordo com Márcio, existiram algumas dificuldades na extração do conteúdo da ferramenta 1.6 para a nova ferramenta, mas a versão é bem mais estável, robusta e eficiente. Proporciona maior integração e o sistema é mais rápido.
A consultora de Educação a Distância da UNA-SUS, Lina Barreto, falou sobre o desenvolvimento de um modelo de gestão e produção de materiais em EAD. Lembrou ainda que a UNA-SUS não é uma universidade corporativa, pois não titula nem forma pessoas. Ela fomenta e viabiliza projetos dentro das instituições de ensino. "Trabalhamos em rede com instituições de ensino de todo o Brasil que têm experiências muito diferentes. E alcançar essas múltiplas equipes é desafiador. A nossa principal questão é: Como essa rede pode se autodesenvolver e se ajudar de forma colaborativa em todo o país? Esse é o nosso foco. Uma das ações foi adotar a Plataforma Moodle, pois ela já é largamente utilizada", explicou Lina.
Ela continuou defendendo que os materiais elaborados precisam ter um viés mais educacional. De acordo com a consultora, produzir conhecimento e colocá-lo dentro de acervos ou repositórios de forma que possam ser reutilizáveis facilmente por outras pessoas não é uma tarefa trivial. "Essa questão precisa ser aprendida dentro das instituições de ensino. Esse é o nosso desafio, pois os acervos estão capacitados para receber diversos tipos de materiais, mas nós estamos focados especificamente em ajudar as universidades a produzir o que chamamos de objetos de aprendizagem. Para tanto, eles devem seguir características e padrões de maneira que sejam interoperáveis e aptos a serem exportados para outras plataformas", concluiu.
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