Pelos cálculos da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), 23% das internações são injustificadas. “Encontramos muitos casos clínicos. Gripe e diarreia não deveriam gerar internamento”, diz Márcia Huçulak, superintendente de Gestão em Saúde da Sesa. O levantamento foi feito com base nos códigos de doença informados nas AIHs e na análise de prontuários médicos. “Se a pessoa não fez exames e só tomou medicação por via oral, então não tinha indicação de internamento”, explica.
Os municípios que internam mais são, em geral, aqueles que usam as guias para viabilizar os hospitais, afirma Márcia. “As AIHs são do cidadão que necessita de internação e nos últimos anos acabou servindo aos interesses de prestadores, viraram moeda, é um cheque, para viabilizar suas estruturas”, diz.
Sobre a possibilidade de a redução do porcentual de AIHs acarretar mais problemas econômicos para os estabelecimentos de saúde, Márcia dispara: “Tem alguns hospitais no Paraná que se fechassem seriam um bem para o Estado”. Ela argumenta que vários não têm estrutura de retaguarda, como a possibilidade de realizar exames ou equipe capacitada. “Se o paciente for grave, num lugar desses ele só se complica”, afirma. No estado há 207 hospitais com menos de 30 leitos e são esses que têm mais dificuldade para oferecer estrutura adequada de atendimento. “Tem alguns que são tocados à noite só por auxiliar de enfermagem, sem médico”, conta Márcia.
A recomendação do governo estadual é que os municípios menores tenham bons centros de pronto-atendimento e sejam capazes de encaminhar para hospitais maiores os casos mais graves. A diretriz atual é a regionalização hospitalar, com a concentração em unidades que tenham melhor infraestrutura, e foco na atenção básica. “Quem tem um bom sistema de saúde interna menos”, diz.
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